Angolanos recordam 27 de maio nitista e desaparecimento de jovens há um ano
36 anos depois dos massacres do 27 de maio de 1977, levados a cabo pelo MPLA em Angola, contra alguns dos seus membros que militavam na ala mais radical de Nito Alves no seio do partido, as feridas continuam abertas.
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Vários números têm circulado sobre o verdadeiro número das vítimas daquilo que ficaria a ser conhecida como sendo a Revolta Activa de Nito Alves, dirigente do MPLA, em 1977, que se situam entre os 30 mil, segundo o próprio MPLA, 80 mil segundo as Nações Unidas ou 100 mil mortos, segundo familiares ou sobreviventes desses massacres.
Tudo aconteceu a 27 de maio de 1977, quando um grupo de militantes e altos dirigentes do MPLA, liderados por Nito Alves, ele também alto dirigente desse partido, teceu duras críticas à liderança de Agostinho Neto e a sua visão do futuro de Angola.
Agostinho Neto reagiu denunciando o que se chamou também de tentativa de "golpe fraccionista" ou "intentona golpista" contra o MPLA, dando assim ordens para aniquilar o líder do grupo Nito Alves e seus seguidores, que deviam ser presos, torturados ou assassinados.
36 anos depois, o Bureau Político do MPLA, reconhece os males desses "episódios negativos" da História de Angola e lança um apelo a "manifestações de perdão, de tolerância e de reconciliação".
Reconciliação tem sido sempre o mote da Fundação 27 de maio, diz-nos o seu porta-voz, Lucas Pedro, que reafirma a falta de vontade dos dirigentes do MPLA em ajudar os órfãos e familiares das vítimas de 1977.
Lucas Pedro, porta-voz da Fundação 27 de maio em Angola
Este dia 27 de maio, serviu também para recordar o desaparecimento de jovens angolanos, há precisamente um ano, durante uma manifestação organizada em Luanda, pelo MJRA, Movimento de Jovens Revolucionários Angolanos, para denunciar a corrupção e o poder do presidente José Eduardo dos Santos.
Oiçamos o testemunho de um desses jovens do MJRA, Nito Alves, nome em memória do líder da Revolta Activa, Nito Alves, que denuncia a violência da polícia angolana neste dia em que queriam recordar com uma vigília o desaparecimento dalguns dos seus companheiros de luta.
Nito Alves, jovem angolano
Viemos a saber, entretanto, que o jovem Nito Alves e dois outros companheiros, foram presos pela polícia angolana que espancou vários jovens e anulou a vigília como nos disse Fábio Sebastião do Movimento de Jovens Revolucionários Angolanos.
Fábio Sebastião, jovem angolano
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