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ONU reconhece responsabilidade na epidemia de cólera no Haiti

O escritório de advocacia que representa os familiares das vítimas da epidemia de cólera no Haiti saudou nesta quinta-feira (18) o reconhecimento público das Nações Unidas sobre sua responsabilidade na evolução da epidemia que, desde outubro de 2010, matou mais de 10 mil pessoas no país.

Centro de tratamento do cólera em Port-au-Prince, no Haiti.
Centro de tratamento do cólera em Port-au-Prince, no Haiti. Getty Images/Joe Raedle
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 O porta-voz do Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, declarou por e-mail que "no ano passado, as Nações Unidas se deram conta de que precisam fazer muito mais a respeito de seu envolvimento desde o início da epidemia e do sofrimento das pessoas afetadas pelo cólera", segundo artigo publicado no New York Times desta quinta-feira (18).

"Vitória para o povo", reagiu o chefe do escritório de advogados internacionais que representa as vítimas e seus familiares no Haiti. "Esta é uma grande vitória para os milhares de haitianos que se mobilizaram para conseguir justiça, que escreveram à ONU e que apresentaram queixa contra a organização", acrescentou, em comunicado divulgado na noite de quarta-feira (17).

Desde outubro de 2010, o Haiti é vítima de uma epidemia de cólera "numa escala sem precedentes da história contemporânea", segundo o epidemiologista francês Roland Piarroux.

Histórico e responsabilidade

Os primeiros casos da doença apareceram em comunidades localizadas nas margens de um afluente do rio Artibonite, perto da base das forças de paz nepalesas da Missão da ONU no Haiti (MINUSTAH), em Mirebalais, no centro da Somália.

Em novembro de 2010, Roland Piarroux concluiu que a epidemia teria sido importada para o Haiti. Apesar de numerosos estudos científicos apoiarem a conclusão do epidemiologista, a ONU sempre negou seu envolvimento, afirmando ser impossível determinar formalmente a causa da epidemia.

Várias queixas apresentadas desde 2011 pelas famílias das vítimas em Nova York, sede da ONU, foram rejeitadas pela justiça dos Estados Unidos por causa da imunidade concedida a todas as missões estrangeiras das Nações Unidas.

"A ONU deve seguir um calendário de ações, incluindo um pedido público de desculpas, o estabelecimento de um plano de pagamento de indenização das vítimas e a garantia de que o cólera seja eliminado do Haiti por meio de fortes investimentos em infraestrutura de tratamento de água e saneamento", afirmou Beatrice Lindstrom, do Instituto para a Justiça e Democracia no Haiti, que também entrou com uma ação contra a entidade.

"Vamos continuar a lutar até que isso seja feito", declarou em comunicado emitido pelas organizações de defesa vítimas do cólera no Haiti.

 

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