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Argélia

Argelinas promovem “revolta dos biquínis”

Diante da pressão social em um país de maioria muçulmana, mulheres da Argélia se organizam para usar biquíni nas praias. A iniciativa foi lançada em reação a uma campanha que criticava o uso dos trajes de banho em lugares públicos.  

O movimento, que já está sendo chamado de "A revolta do biquíni" começou em julho na praia de Annaba.
O movimento, que já está sendo chamado de "A revolta do biquíni" começou em julho na praia de Annaba. @twitter/MorganToMe
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O uso de biquíni é autorizado na Argélia. No entanto, durante o período do Ramadã, o jejum muçulmano que terminou no final de junho passado, uma campanha foi lançada nas redes sociais visando estigmatizar aquelas que expunham seus corpos nas praias. Várias fotos de mulheres usando trajes de banho começaram a circular pelas redes sociais, acompanhadas de críticas violentas, denunciando o que consideravam como um ultraje aos valores da sociedade.

Diante da campanha, as mulheres decidiram reagir e lançaram em julho um movimento que já está sendo chamado de “revolta dos biquínis”. Por meio das redes sociais, as participantes formam grupos que vão às praias simultaneamente, sempre usando os maiôs de duas peças.

Biquinaço

Cerca de 3 mil pessoas já aderiram ao movimento e desafiam os conservadores. Novos protestos foram organizados no início de agosto e alguns deles já reuniram mais de 200 mulheres ao mesmo tempo. 

Para as idealizadoras, o objetivo é se apropriar do espaço público e protestar contra o discurso moralizador de uma parte da sociedade argelina. A mobilização começou na praia de Annaba, quarta cidade do país, no nordeste da Argélia, mas já foi reproduzida na capital Argel e em outras localidades do litoral. As imagens do movimento são em seguida colocadas nas redes sociais.

Atualmente nas praias da Argélia é possível ver muitas mulheres de biquíni. Porém, elas dividem a areia com banhistas que preferem usar o burquíni (traje de banho adotado por algumas muçulmanas, que deixa apenas o rosto à mostra) ou até mesmo vestidos longos na hora de entrar no mar.

Em entrevista ao jornal Le Parisien, Halima, uma argelina de 32 anos, explica que não há nenhum tipo de agressão física, “mas os olhares dos homens são muitos insistentes”. Segundo ela, que postou uma foto sua de biquíni à beira-mar em Argel, para evitar essa pressão social, muitas argelinas preferem frequentar praias privadas, muitas delas reservadas às mulheres e crianças, e cuja entrada custa € 20 por pessoa (mais de 70 reais). “Queremos poder ir tranquilamente às praias públicas e gratuitas”, explica.

O assunto tem interessado a imprensa internacional, e várias matérias noticiam a "revolução do biquíni". Porém, com exceção dos posts nas redes sociais, poucas imagens dos protestam foram divulgadas até agora nos jornais. 

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