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Africa/violência

Ataque contra etnia Peuls no Níger: massacres intercomunitários desestabilizam a região

17 mortos e ferido grave: este é o registro de um dos massacres, que ocorreu na sexta-feira (18) à noite, a apenas 2 km da fronteira com o Mali, no território do Níger, ao norte da Nigéria. O ataque visou apenas integrantes da etnia Peuls. Assaltantes que foram apresentados como Tuaregues por testemunhas fugiram rapidamente para o Mali e não puderam ser detidos.

Criança da etnia Peul, no Níger.
Criança da etnia Peul, no Níger. Emmanuel VALENTIN/Gamma-Rapho via Getty
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O ministro do Interior do país, Mohamed Bazoum, esteve no local ontem com o governador de Tillabery e o prefeito de Ayorou. Para as autoridades, não há dúvida, é uma retaliação. Os atacantes teriam deliberadamente visado e matado 17 Peuls para se vingar de Tuaregues mortos nas últimas semanas, durante um ataque no Mali. Comunidade internacional teme um massacre como o de Ruanda.

Esta não é a primeira vez que conflitos como este ocorrem na fronteira. Aboubacar Diallo, presidente do conselho de criadores de gado da etnia Peuls, de Tillabery, acusa dois grupos na zona de Menaka, no Mali, que, segundo ele, estão empenhados em realizar acertos de conta, sob o pretexto de “lutar contra o terrorismo”.

"Centenas de famílias de luto"

Ele diz que está muito preocupado com a deterioração da situação. "A comunidade dos Peuls está realmente inquieta com a atual situação, extremamente grave, ao longo da fronteira entre o Níger e Mali. Esses conflitos intercomunitários ainda flagelam centenas e centenas de famílias. A situação é realmente preocupante. Ela é extremamente séria. E são vítimas inocentes que estão sendo abatidas. Não tem nada a ver com a luta contra o terrorismo de que estamos falando”, diz Diallo.

“Hoje, o pasto foi destruído. A atividade de pastoreio pertence aos terroristas? As populações civis que estão sendo mortas, elas têm alguma coisa a ver com o grupo Estado Islâmico? Não há nada a fazer. Estamos longe de lutar contra o terrorismo”, conclui.

Não reproduzir o que aconteceu em Ruanda

“Realmente, nós não nos sentimos protegidos”, lamenta Aboubacar Diallo. “Essas pessoas fazem o que querem. E eles vão embora. O conflito intercomunitário, devemos evitá-lo. Porque vimos o que aconteceu em Ruanda. Isso deveria ser evitado na região do Sahel. Esta é a mensagem que realmente queremos transmitir ao público francês e aos nossos Estados africanos”, ldiz.

Durante vários meses, Tuaregues e Peuls se acusam pela responsabilidade das mortes: dezenas de civis foram mortos em ambos da fronteira entre o Mali e o Níger; campos inteiros foram queimados, além de pastagens. Hoje, a região de Niamey se preocupa com o aumento das incursões terroristas na fronteira, mas também com a multiplicação desses conflitos comunitários.

Os confrontos não envolvem mais as comunidades Peuls e Tuaregue. Há três semanas, em Filingué, ao norte de Niamey, os Peuls atacaram os Hausa. A proliferação de atos de banditismo nas estradas tem impacto direto no cotidiano das pessoas. Assim, por causa da insegurança, os habitantes da cidade de Ayorou, por exemplo, evitam o mercado de Inatès um pouco mais ao norte do Níger. Apesar dos esforços das autoridades, a área continua difícil em termos de segurança e controle.

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