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Africa

Costa do Marfim: Gbagbo é absolvido da acusação de crimes contra a Humanidade

O ex-presidente da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo, foi absolvido nesta terça-feira (15) pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) da acusação de crimes contra a Humanidade. O líder africano estava detido há sete anos, apontado como responsável pelo massacre de cerca de 3 mil pessoas durante a crise pós-eleitoral de 2010-2011.

Laurent Gbagbo foi absolvido da acusação de crimes contra a humanidade pelo TPI, que ordenou sua libertação imediata.
Laurent Gbagbo foi absolvido da acusação de crimes contra a humanidade pelo TPI, que ordenou sua libertação imediata. Peter Dejong/Pool via REUTERS
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Gbagbo estava sendo julgado junto com Charles Blé Goudé, ex-chefe do Movimento Jovens Patriotas e um de seus colaboradores mais fiéis. Eles foram absolvidos por unanimidade pois, segundo o juiz Cuno Tarfusser, "a acusação não apresentou provas conforme os critérios requisitados" pela justiça internacional.

Os dois acusados se abraçaram enquanto ouviam as palavras do juiz em meio aos aplausos dos partidários na sala de audiências. Nas ruas do país, a notícia da libertação de Gbagbo foi comemorada por seus defensores com gritos de alegria, danças e buzinaços em Gagnoa, cidade natal do ex-presidente.

Partidários de Laurent Gbagbo celebram decisão da justiça nas ruas da Costa do Marfim
Partidários de Laurent Gbagbo celebram decisão da justiça nas ruas da Costa do Marfim SIA KAMBOU / AFP

Humilhação para o TPI

Os dois homens eram acusados de quatro crimes contra a Humanidade: assassinatos, estupros, perseguições e outros atos desumanos. A decisão dos juízes, muito aguardada na Costa do Marfim, é vista uma nova humilhação para o TPI. Todas as tentativas anteriores do Tribunal de tentar julgar personalidades políticas de maior importância – a maioria na África – encontraram obstáculos.

“A principal dificuldade do TPI é conseguir provar que os líderes políticos cometeram ou ordenaram crimes”, explica Florent Geel, responsável pelo escritório africano da Federação dos Direitos Humanos (FIDH). “É preciso ter uma testemunha que tenha presenciado o momento em que Gbagbo autorizou a entrega de armas ou se mostrou de acordo com uma ação violenta, o que é muito difícil”, declarou, lembrando que durante o processo muitas testemunhas desistiram de depor.

Para Geel, a absolvição “é uma grande decepção”. Segundo ele, “para as mais de 3 mil vítimas das violências durante o processo pós-eleitoral, é como se não houvesse um responsável. São crimes que não serão julgados e que serão esquecidos se a justiça não for feita. Lembro que, entre esses milhares de mortos, muitos foram queimados vivos dentro de pneus”.

Gbagbo ficou detido por sete anos em Haia, onde está localizada a sede do TPI. Depois de ocupar o palácio presidencial durante vários meses, ele foi finalmente preso em abril de 2011 pelas forças do presidente Alassane Ouattara, apoiado pelas Nações Unidas e pela França, antes de ser entregue ao TPI.

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