Nicarágua dá início a construção de canal interoceânico controverso
O governo da Nicarágua e a empresa chinesa HKND vão inaugurar nesta segunda-feira (22) a construção de um canal interoceânico de 278 quilômetros de extensão, que deverá concorrer com o Canal do Panamá a partir de 2020. Críticos do projeto questionam a sua viabilidade e a expropriação de terras de habitantes da região.
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“O que era um sonho de gerações da Nicarágua há um século vai começar a se tornar realidade”, disse o porta-voz da Comissão do Canal e da empresa chinesa, Telêmaco Talavera. A inauguração contará com a presença do presidente Daniel Ortega e do magnata chinês Wang Jing, em uma cerimônia em Manágua. Graças ao projeto, a Nicarágua acredita que pode se tornar o país mais rico da América Central.
Os trabalhos começarão na foz do rio Brito, na costa sul do Pacífico, com a construção dos primeiros acessos ao canal e de um porto, empregando 300 dos 50 mil operários que a obra deverá ocupar ao longo de cinco anos.
Índios protestam
O canal atravessará o lago Cocibolca, a maior reserva de água doce da América Central, e seguirá pelas florestas tropicais, passando por pelo menos 40 vilarejos, antes de chegar ao rio Punta Gorda, no lado caribenho.
Os estudos de viabilidade técnica, ambiental e financeiro deste canteiro de obras faraônico são secretos, mas sabe-se que os trabalhos causarão o deslocamento de pelo menos 30 mil habitantes, entre eles índios Ramas e Nahuas, que vivem no trajeto do canal. As tribos vêm realizando protestos há três meses, desde que a idéia da construção tomou contornos mais concretos.
Após construir o canal, a HKND deverá administrar o seu tráfego durante 50 anos. O custo do empreendimento é estimado em US$ 50 bilhões.
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