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Estados Unidos/Carolina do Sul

EUA: atentado contra igreja negra ajudou a pôr fim a bandeira confederada

Após o massacre de nove fiéis negros em uma igreja metodista de Charleston, na Carolina do Sul, no mês passado, o estado retira nesta sexta-feira (10) a bandeira confederada que ocupa lugar de destaque nos jardins do parlamento local há mais de 50 anos.  

Bandeira confederada  diante do Parlamento da Carolina do Sul
Bandeira confederada diante do Parlamento da Carolina do Sul REUTERS/Tami Chappell
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A bandeira, conhecida e ainda hoje identificada como símbolo do racismo nos Estados Unidos, foi usada durante a Guerra de Secessão pelos combatentes do sul do país, que eram contra o fim da escravidão. Ela será retirada sem cerimônia e levada para um museu militar onde estão outros objetos do período.

A decisão, que já tinha sido aprovada pelo Senado americano na segunda-feira (6), foi votada durante a madrugada desta sexta-feira (10) pela Câmara de representantes do Estado, após cerca de 15 horas de um árduo debate, e aprovada no fim das contas por 90 votos a 20.

No mês passado, a governadora republicana Nikki Haley foi criticada por ter pedido a "retirada de um símbolo que nos divide" e, nesta madrugada, conseguiu finalmente dar a noticia: "é um grande dia para a Carolina do Sul", disse ao ratificar a lei.

A também republicana Jenny Horne, descendente do único presidente da Confederação, chegou à beira das lágrimas ao discursar sobre a resistência da Câmara em aprovar a proibição. "Não acredito que nesta casa não temos a coragem de fazer algo significativo como retirar esse símbolo de ódio deste Parlamento nesta sexta-feira", disse em um discurso forte que parece ter sido decisivo para a aprovação da lei.

História ou ode ao racismo?

Criada por William Porcher Miles, que presidia o comitê responsável pela bandeira, ela foi rejeitada como a bandeira nacional da confederação em 1861, em favor de outra conhecida como bandeira das "barras e estrelas". A bandeira que "sobrou" acabou adotada como estandarte de guerra pelo Exército da Virgínia do Norte, a principal força militar dos Estados Confederados, tornando-se um símbolo nacionalista, ideologia base do movimento. A bandeira foi desde o início adotada por grupos que defendiam a segregação racial, como o Ku Klux Klan, que chegou a ter no início do mês uma autorização do governo da Carolina do Sul para uma manifestação em defesa do uso da bandeira no estado.

Defendida por muitos sulistas como símbolo da história da região, a bandeira voltou a ser motivo de discussão pelo país nos anos 60 quando foi içada em comemoração aos 100 anos do começo da Guerra Civil. A época coincide também com os primeiros movimentos afroamericanos pelos direitos civis que eclodiram pelo país. Em 2000, como resultado de um acordo entre os parlamentares, ela foi retirada e substituída pela versão de batalha, hasteada até hoje à noite nos jardins do capitolio local.

Uma resposta a Charleston

A medida simbólica tão esperada pela comunidade negra dos Estados Unidos tem como principal objetivo promover a reconciliação após o ataque de um supremacista branco a uma igreja Metodista em Charleston, no último dia 17. O atentado matou nove afro-americanos, entre eles o pastor e senador local Clementa Pinckney. Em várias fotos o responsável pelo ataque, considerado um crime de ódio, aparece ostentando a bandeira confederada. Após o aparecimento das fotos, a pressão pela proibição da bandeira em todo o território nacional aumentou, surtindo efeito nesta sexta-feira. A Casa Branca, Hillary Clinton e diversas personalidades políticas parabenizaram a Carolina do Sul pela medida histórica.

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