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Bolívia/ referendo

Bolívia vota direito de Evo Morales concorrer a quarto mandato

A Bolívia decide neste domingo (21) se o presidente Evo Morales poderá concorrer, novamente nas próximas eleições presidenciais no país. A proposta de uma mudança constitucional para aumentar as possibilidades de reeleição leva os bolivianos para votar em um referendo.

Bolivianas votam em referendo em El Alto.
Bolivianas votam em referendo em El Alto. REUTERS/David Mercado
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Morales está no poder desde 2006 e, se puder se candidatar em 2019 e vencer, ficaria até na presidência até 2025. O líder de esquerda detém o recorde de permanência no poder desde a independência do país, em 1825.

Em um referendo em que o voto é obrigatório, cerca de 6,5 milhões de bolivianos devem decidir sobre a reforma da Constituição. Os primeiros resultados serão anunciados a partir das 18h, no horário local (19h em Brasília). O tribunal eleitoral divulgará os primeiros resultados oficiais durante a noite.

A consulta popular foi marcada por denúncias de corrupção. Até semana passada, os partidários da reforma constitucional para permitir que Morales se candidate a um quarto mandato consecutivo estavam empatados. Mas as acusações que o afetam diretamente começam a mudar o panorama. Segundo pesquisas recentes, os partidários do Não, com 47%, superam o Sim, com 27%.

Escândalo pode afetar resultado

Morales, o primeiro indígena aymara a chegar à presidência, foi atingido pelo escândalo do suposto tráfico de influência em favor de sua ex-mulher, Gabriela Zapata, que aos 28 anos é uma alta executiva da empresa chinesa CAMC. A companhia tem contratos com o Estado no valor de US$ 576 milhões. A Controladoria e o Congresso investigam o tema.

"Que tráfico de influências? Tudo é uma montagem da embaixada dos Estados Unidos", declarou o presidente, duas semanas depois da denúncia, em um discurso público.

Morales também pode ser prejudicado pelas consequências de um ataque, na quarta-feira passada, contra a prefeitura de El Alto, em poder da oposição. Seis pessoas morreram pela inalação da fumaça após os incêndios, provocados supostamente por membros do governista Movimento Ao Socialismo (MAS).

Onda de mudanças na América Latina

O chefe de Estado também poderia se ver afetado por uma onda da mudança experimentada pela região, com a aproximação de Cuba e os Estados Unidos, os reveses sofridos por Nicolas Maduro na Venezuela e Kirchner na Argentina ou a impopularidade do governo de Dilma Rousseff no Brasil.

Na Bolívia, a população está começando a se cansar da perpetuação do governo no poder. "Evo Morales está ciente de que as derrotas de governos populistas de esquerda na Venezuela e na Argentina o colocam na mira destas mudanças de percepção do público", declarou à AFP o analista político Carlos Cordero.

Nos últimos anos, Morales deu poderes à população indígena, pôs fim a anos de exclusão dos agricultores pobres, ao mesmo tempo que promoveu uma classe média que começa a lhe dar as costas, cansada de "populismo e demagogia", acrescenta o analista.

Suas realizações econômicas e sociais parecem não ser mais suficientes para manter fiel um eleitorado, que lhe permitiu vencer com muita folga as eleições precedentes. Morales, no entanto, se mantém otimista. "No domingo vamos vencer amplamente (...), o povo vai decidir conscientemente e iremos comemorar", previu.

Com informações da AFP
 

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