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Viagem de Obama a Cuba sela aproximação entre os dois países

O presidente norte-americano Barack Obama chega neste domingo (20) a Cuba para selar uma aproximação entre os dois países inimaginável há pouco tempo e saudada de forma unânime em todo o mundo. Um êxito de sua política externa, que contrasta com a polêmica gerada por suas decisões no Oriente Médio.

Barack Obama viajará a Cuba com a primeira-dama, Michelle Obama, e as filhas
Barack Obama viajará a Cuba com a primeira-dama, Michelle Obama, e as filhas REUTERS/Kevin Lamarque
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A prudência é a palavra chave da política externa do 44º presidente dos Estados Unidos, eleito com a promessa de colocar fim a duas guerras - no Iraque e no Afeganistão. Quando escreveu "um novo capítulo" com Cuba, ele demonstrou uma audácia que nenhum de seus antecessores havia apresentado.

Quando o avião presidencial Air Force One aterrissar no domingo em Havana, dois dias depois do que levará o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e cerca de um século após a última visita de um presidente americano em exercício, Obama virará uma página da história dos Estados Unidos e permitirá que a imagem da primeira potência mundial mude em toda a América Latina.

Acompanhado na viagem por sua esposa, Michelle, e por suas duas filhas, Malia e Sasha, ele se reunirá sozinho com o presidente cubano, Raúl Castro. Não está previsto, no entanto, nenhum encontro com seu irmão mais velho, Fidel, afastado do governo há uma década.

Obama, que também se reunirá com dissidentes e atores da vida econômica, dirigirá na terça-feira (22) um discurso a todos os cubanos através da rádio e da televisão, como em 17 de dezembro de 2014, quando anunciou a partir da Casa Branca a aproximação entre os dois países.

"Consideramos esse discurso um momento único na história de nossos dois países", explicou Ben Rhodes, assessor próximo do presidente americano, que dirigiu durante 18 meses as negociações secretas com Havana.

Uma visita em família pela cidade velha, homenagem ao pai da independência José Martí na praça da Revolução, partida de beisebol: a viagem de três dias também estará repleta de eventos simbólicos e imagens fortes.

Processo irreversível

A chegada do primeiro presidente negro dos Estados Unidos, 30 anos mais jovem que Raúl Castro, também terá um impacto particular no seio da comunidade afrocubana, notoriamente sub-representada entre a elite política cubana.

A aposta da Casa Branca é estabelecer vínculos suficientes, apesar do embargo econômico que o Congresso se nega por enquanto a revogar, para dificultar qualquer recuo que um eventual presidente dos Estados Unidos em 2017 queira fazer.

"Queremos que esse processo de normalização seja irreversível", destacou Ben Rhodes, que insiste no impacto das políticas já empreendidas: facilitação das viagens, flexibilização das restrições comerciais.

Aos que o criticam por não ter conseguido concessões reais por parte do regime castrista, em particular em matéria de direitos humanos, o presidente americano promete discussões francas, reconhece que as mudanças levarão tempo e insiste na necessidade de romper com o isolamento, que considera estéril.

Durante o restabelecimento das relações diplomáticas no verão de 2015, Obama lembrou - para destacar o caráter anacrônico da política em vigor - que elas foram suspensas por Dwight Eisenhower em 1961, no ano em que ele nasceu.

Doutrina Obama

A publicação, poucos dias antes desta histórica viagem, de um longo artigo no The Atlantic sobre a "Doutrina Obama", reavivou o debate sobre o saldo da política externa do presidente e sua visão do lugar dos Estados Unidos no mundo.

Reticências em intervir militarmente, mesmo sob o risco de criar um vácuo que outros - Rússia em primeiro lugar - tentarão preencher. Tempo de reação considerado muito lento diante do avanço dos jihadistas do Estado Islâmico no Iraque e na Síria. O artigo expõe detalhadamente as críticas dirigidas ao presidente democrata. E também passa a palavra a ele.

Insistindo em suas convicções, o presidente elogia as virtudes do diálogo com seus inimigos, o acordo com o Irã sobre seu programa nuclear, insiste nos erros de seu antecessor, George W. Bush, no momento de recorrer à força militar.

Adverte contra os impulsos belicistas incontroláveis e também destaca a necessidade de que nos Estados Unidos não fiquem obcecados apenas com o Oriente Médio, mas que também dediquem suas energias a outras partes do mundo: Ásia, mas também África e América Latina.

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