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Após reunião com Obama, Castro diz que Cuba não tem presos políticos

Em coletiva de imprensa conjunta, nesta segunda-feira (21) em Havana, após a reunião com Barack Obama, o presidente Raúl Castro desmentiu, em tom desafiador, que Cuba tenha presos políticos. Segundo a organização Comissão Cubana para Direitos Humanos e Reconciliação Nacional (CCDHRN), em 2014 foram registrados 7.188 detenções arbitrárias na ilha.

Barack Obama e Raúl Castro no Palácio da Revolução
Barack Obama e Raúl Castro no Palácio da Revolução REUTERS/Carlos Barria
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"Dê agora mesmo a lista dos presos políticos para soltá-los, mencione-a agora", respondeu Castro, visivelmente agitado, a um jornalista que perguntou sobre o tema. "Se há presos políticos, antes do cair da noite estarão soltos", acrescentou.

A reação à fala de Castro foi imediata entre dissidentes do regime. O jornalista Jorge Ramos, pelo Twitter, disse que entregaria ao governo ainda na noite de segunda uma lista completa de prisioneiros políticos.

Na mesma coletiva, Obama disse que os Estados Unidos "continuarão defendendo a democracia, incluindo o direito do povo cubano de decidir seu próprio futuro". Ele também enalteceu um "novo dia" nas relações entre os dois países, antagonistas por décadas na Guerra Fria.

Tentando estabelecer um limite na pesada intervenção americana nos negócios da ilha, o presidente americano prometeu que "o destino de Cuba não será decidido pelos Estados Unidos ou por qualquer outra nação".

Aceitar e respeitar as diferenças

O presidente Castro pediu a Obama que "aceite e respeite as diferenças e não faça delas o centro de nossa relação, mas que promova vínculos que privilegiem o benefício de ambos os países e povos".

A reunião de hoje no Palácio da Revolução foi o primeiro encontro com Raúl Castro desde a chegada de Obama a Havana no domingo (20) à tarde.

Obama realiza uma visita histórica a Cuba, a primeira de um presidente americano em 88 anos. Ele viajou acompanhado por sua esposa, Michelle e as duas filhas do casal.

Ele pretende selar o restabelecimento das relações bilaterais, anunciado em 2015, e reforçar a imagem de um Estados Unidos diferente à de um país que por décadas promoveu intervenções e considerou a América Latina seu quintal.

Antes de deixar a presidência, no início de 2017, Obama quer assegurar-se de que seus avanços em Cuba não serão revertidos, seja quem for seu sucessor na Casa Branca no próximo ano.

Raúl Castro saudou o apoio que Barack Obama dá ao fim do embargo americano contra a ilha. "Reconhecemos a posição do Obama e de seu governo ante o bloqueio e seus reiterados pedidos ao Congresso para que o elimine. As últimas medidas (de alívio ao embargo, decididas por Obama) são positivas, mas não suficientes", acrescentou.

Beisebol contribuirá para nova relação EUA-Cuba

Diretores da Grande Liga de Beisebol dos Estados Unidos (MLB) veem o jogo desta terça-feira (22) entre o Tampa Bay Rays e a seleção cubana, em Havana, na presença do presidente Barack Obama, como uma contribuição para a nova relação entre Cuba e Estados Unidos.

Obama e seu colega Raúl Castro, que ainda não confirmou se comparecerá, são esperados no amistoso que selará a histórica visita do presidente dos Estados Unidos à ilha.

"Todos nós na MLB estamos muito orgulhosos de desempenhar um pequeno papel no avanço da relação entre os Estados UNidos e Cuba", afirmou o delegado da MLB, Rob Manfred, em entrevista coletiva nesta segunda, em Havana.

"Uma das grandes coisas sobre o beisebol é que é parte do tecido da cultura americana e, em minhas 24 horas aqui, estou totalmente convencido de que o beisebol também é parte do tecido da cultura cubana", completou.

Agradecimento a Obama e Castro

Manfred agradeceu a Obama e a Castro pelo apoio na realização desse encontro, que acontece no Estádio Latino-Americano.

O proprietário do Tampa Bay, Stuart Sternberg, destacou que, além de ser "um acontecimento histórico para sua equipe e para todos os fãs do beisebol", a partida será "algo grande". "Isso vai fazer maravilhas pelo beisebol, e é por isso que estamos aqui", disse Sternberg.

"É uma honra jogar diante de dois presidentes", declarou o "manager" do Tampa Bay, Kevin Cash. Esse será o primeiro jogo entre a equipe de Cuba e um membro da MLB desde 1999, quando os cubanos enfrentaram os Orioles de Baltimore. O duelo de ida e volta terminou com uma vitória de visitante para cada um.

A partida encerrará a visita, com a qual Obama busca consolidar a aproximação iniciada entre Washington e Havana no final de 2014.

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