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Linha Direta

Em visita à Argentina, Serra quer discutir Mercosul e Venezuela

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Cinco dias depois de assumir como ministro das Relações Exteriores, José Serra chegou neste domingo (22) a Buenos Aires para discutir as relações bilaterais e o futuro do Mercosul. Na primeira incursão internacional do governo interino de Michel Temer, o ministro Serra será recebido pela chanceler argentina, pelo ministro da Fazenda e pelo presidente Mauricio Macri.

O novo chanceler brasileiro, José Serra.
O novo chanceler brasileiro, José Serra. Jessika Lima/AIG-MRE
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Márcio Resende, correspondente da RFI Brasil em Buenos Aires

A Argentina foi o primeiro país em reconhecer a legalidade do processo de destituição da presidente afastada Dilma Rousseff. E José Serra definiu a Argentina como a prioridade para o Brasil na América Latina.

O ministro será recebido pela chanceler, Susana Malcorra, pelo ministro da Fazenda, Alfonso Prat-Gay, e pelo próprio presidente Mauricio Macri. Busca garantir o apoio da Argentina ao novo governo de Michel Temer. Serra quer aproveitar a sintonia de visão da economia e da política com o governo argentino para eliminar obstáculos que ainda impedem a livre circulação de mercadorias e de serviços brasileiros na Argentina.

Serra também quer discutir alternativas de flexibilização do Mercosul que permitam avançar em acordos bilaterais com outros países e blocos. Outro assunto que deve estar em pauta é a crise na Venezuela. Agora com o governo interino de Michel Temer, o Brasil fica mais perto da Argentina de Mauricio Macri quanto a uma posição em defesa das liberdades individuais e dos direitos humanos.

Para se ter uma ideia da importância para a Argentina desse encontro, a chanceler Susana Malcorra interrompeu uma viagem pela metade. Ela cancelou uma visita à Turquia e adiou a ida ao México. Regressou a Argentina só para se encontrar hoje com José Serra.

Outra indicação é que Serra será recebido pelo presidente Macri. O que a Argentina mais deseja é que a crise política no Brasil termine o mais rápido possível para o país voltar a crescer. O crescimento da Argentina, hoje em recessão, depende da economia brasileira.

A política externa anunciada por José Serra no seu discurso de posse na quarta-feira passada está em sintonia com a visão do governo Macri. Por exemplo, a Argentina também quer articular o Mercosul com a chamada Aliança do Pacífico, bloco formado por Chile, Peru, Colômbia e México.

Protesto e bolinhas de papel

A questão é como fazer isso. Serra diz que é preciso fortalecer o Mercosul, mas também diz que é preciso buscar formas de flexibilizar o bloco para que seja possível acordos comerciais bilaterais com outros países e blocos. E esse é o ponto de contradição porque o Mercosul é uma União Alfandegária como a União Europeia. Ou seja: um país não pode negociar acordos bilaterais individualmente. É preciso negociar em bloco.

Para que um país tenha a liberdade de fechar acordos pelo mundo sem precisar negociar em bloco, o Mercosul deveria recuar ao status de zona de livre comércio. Isso seria o contrário de fortalecer o Mercosul.

José Serra chegou na noite de domingo a Buenos Aires. Cerca de 40 manifestantes brasileiros atiraram bolinhas de papel, em alusão à campanha presidencial de 2010, quando o candidato José Serra disse ter sido agredido depois de ser atingido por uma bola de papel na cabeça.

Os manifestantes definiram o governo Temer como "golpista" e também criticaram o veloz reconhecimento do governo Macri ao de Temer. Hoje, durante a visita de José Serra estão previstas manifestações de brasileiros em Buenos Aires, contrários à destituição da presidente Dilma Rousseff e deve haver apoio de grupos de esquerda da Argentina.

Na sexta-feira, oito organizações de Direitos Humanos, incluindo as Mães e as Avós da Praça de Maio, emitiram uma nota de repúdio ao que chamam de "golpe institucional" no Brasil.

 

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