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Mercosul/ Venezuela

Brasil, Argentina e Paraguai resistem à presidência da Venezuela no Mercosul

Paraguai, Brasil e Argentina resistem a serem liderados pelo presidente Nicolás Maduro, acusado de não cumprir os requisitos democráticos e comerciais do bloco. Somente o Uruguai está a favor. Chanceler venezuelana apareceu de surpresa e foi impedida de participar de reunião de emergência em Montevidéu, no Uruguai.

A chanceler da Venezuela, Delcy Rodríguez, chegou à reunião emergencial que decidiria sobre o seu país.
A chanceler da Venezuela, Delcy Rodríguez, chegou à reunião emergencial que decidiria sobre o seu país. ERIKA SANTELICES / afp
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Márcio Resende, correspondente da RFI Brasil em Buenos Aires

A crise na Venezuela provocou um racha no Mercosul. O bloco sul-americano suspendeu a presidência rotativa da Venezuela. O país deveria assumir nesta terça-feira, dia 12, pelos próximos seis meses. Ao mesmo tempo, os quatro membros fundadores - Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai - rejeitaram a participação na reunião que decidiria a suspensão de outros dois membros: a questionada Venezuela e a Bolívia, em processo de adesão e alinhada com o regime bolivariano.

O Paraguai é o membro mais veemente contra o regime de Nicolás Maduro. Quer diretamente a suspensão da Venezuela do Mercosul e da OEA por violar as cartas democráticas. Acusa a Venezuela de não cumprir com os requisitos de democracia plena para um integrante do Mercosul.

Já para o Brasil, a Venezuela não cumpre também com as regras comerciais determinadas. A Argentina também vê um desrespeito à chamada Cláusula Democrática do Mercosul com a existência de presos políticos na Venezuela. Brasil e Argentina ainda temem dar poder à Venezuela justamente quando o Mercosul negocia com a União Europeia um acordo de livre comércio do qual a Venezuela não participa.

O Uruguai, no exercício da presidência, é o único país que defende transferir a presidência à Venezuela, não por defender o governo de Nicolás Maduro, mas por respeitar a ordem jurídica do Mercosul.

Com o chanceler brasileiro, José Serra, e com a argentina, Susana Malcorra, em outros compromissos prévios, o Brasil foi representado pelo subsecretário-geral de América do Sul, Central e Caribe, Paulo Estivallet, enquanto a Argentina pelo vice-chanceler, Carlos Foradori.

Sem ser convidada, a chanceler da Venezuela, Delcy Rodríguez, chegou à reunião emergencial que decidiria sobre o seu país. Não conseguiu participar devido ao rechaço dos demais membros para os quais a reunião era exclusiva entre os países fundadores do bloco. Como aliado político do regime venezuelano, a Bolívia também quis participar, mas recebeu a mesma recusa.

Escondidos no banheiro

Rodríguez saiu enfurecida da sede do Ministério das Relações Exteriores do Uruguai em Montevidéu, onde o caso Venezuela foi discutido. A chanceler venezuelana disse que "os representantes de Brasil e Paraguai esconderam-se no banheiro para não falarem com ela. Os acusados encararam a declaração com humor.

A chanceler da Venezuela causou confusão ao anunciar que o Mercosul tinha decidido transferir a presidência do bloco ao seu país, mas foi imediatamente desmentida por uma declaração em conjunto dos demais membros: a presidência vai continuar com o Uruguai. Sem um consenso sobre o assunto, os quatro membros fundadores decidiram suspender a transferência da presidência à Venezuela.

O Brasil propôs uma alternativa: passar a presidência somente quando a Venezuela demonstrar que cumpre com os compromissos de política comercial do Mercosul. São cerca de 500 tratados e normas em questão.

Outras alternativas seria o Uruguai estender a atual presidência ou a Argentina assumir o lugar agora no lugar da Venezuela e não somente dentro de seis meses, quando estava previsto.

 

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