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Linha Direta

Trump sugere que donos de armas podem deter Hillary

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O candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump, terminou a terça-feira (9) debaixo de duras críticas ao sugerir, em um comício, o uso da violência contra sua principal opositora, Hillary Clinton, como maneira final de proteger o direito dos que querem seguir portando armas sem restrições nos Estados Unidos (EUA).

O candidato republicano Donald Trump durante comício nesta terça-feira (9) em Fayetteville, na Carolina do Norte.
O candidato republicano Donald Trump durante comício nesta terça-feira (9) em Fayetteville, na Carolina do Norte. REUTERS/Eric Thayer
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Eduardo Graça, correspondente em Nova York

Donald Trump parece não conseguir dar uma guinada em sua campanha, marcada por erros terríveis cometidos nos últimos dias. Até agora, nada poderia ter saído pior do que o planejado.

Hillary Clinton, com dois dígitos de diferença em relação a Trump na média das pesquisas, reagiu imediatamente à declaração. Ela acusou o bilionário nova-yorkino de estar desesperado e de fazer apologia da violência. A democrata falou da Flórida, estado que sofre com a explosão do vírus Zika no sul dos EUA, e culpou os republicanos pelo descaso com a saúde pública em um dos estados cruciais para a eleição de novembro, onde ela abriu seis pontos de vantagem.

Hillary critica Congresso por Zika

Não foi mero acaso a ex-primeira-dama ter decidido fazer campanha na Flórida esta semana. Em Miami, ela foi a uma clínica que atende majoritariamente pacientes de origem latino-americana no bairro de Wynwood, que já conta com 25 casos comprovados de infecção pelo mosquito aedes aegypty. Hillary afirmou ser uma desgraça nacional o fato de o Congresso, comandado pelos republicanos, ter se recusado a aprovar a verba emergencial de US$ 1,9 bilhão para se desenvolver uma vacina e criar métodos de prevenção contra o Zika, como pediu o presidente Obama. Hillary afirmou que o certo a fazer seria a interrupção das férias parlamentares para a aprovação da verba extraordinária.

Os congressistas americanos estavam mais preocupados com a situação do Zika no Rio, onde acontecem os Jogos Olímpicos, do que nos EUA. Trump, por sua vez, se limitou a dizer que o governador da Flórida, republicano, “tem a situação sob controle”. Mas as primeiras vítimas financeiras da explosão do Zika em Miami são os comerciantes de Wynwood, que dizem estar vendendo em média apenas 10% do normal nesta época do ano. O governo federal pediu que mulheres grávidas evitem idas a Miami até o fim do verão. Caso Hillary consolide seu avanço na Flórida, fica praticamente impossível para Trump vencer no colégio eleitoral em novembro.

Trump comete nova heresia política

Sem trocadilho infame, Trump deu nesta terça-feira (9) mais munição aos democratas decididos a provar que ele não tem postura para ser presidente dos EUA. Em meio a uma discussão sobre direito de porte de armas, ele fez o seguinte comentário: a maneira de se evitar que Hillary chegue à presidência e nomeie juízes comprometidos com uma legislação mais dura em relação à compra de armas para uso pessoal seria “o exercício da Segunda Emenda”, ou seja, usar armas como defesa pessoal. Contra quem, para bom entendedor, uma tirada de Trump basta.

A sugestão infeliz se deu logo após duas aliadas de Trump, que abriram a Convenção Republicana, terem entrado na Justiça por danos morais contra Hillary pela morte de seus respectivos filhos no ataque à missão diplomática em Benghazi (Líbia), quando a democrata era secretária de Estado. O problema é que os republicanos conduziram uma CPI por dois anos e não conseguiram imputar crime de responsabilidade a Hillary. Ficou parecendo que a campanha de Trump quis fazer uso político da dor das duas mães.

O comitê de campanha do republicano rapidamente divulgou um comunicado para esclarecer as impetuosas declarações do magnata, acusando a imprensa de ser desonesta e afirmando que ele quis dizer que os defensores das armas representam uma poderosa força eleitoral.

Bernie Sanders defende a presidente Dilma

Enquanto a convenção democrata parece ter unido a duras penas o partido, com o apoio de Bernie Sanders, os republicanos seguem mais divididos do que nunca. Bernie não está exatamente percorrendo o país por Hillary, e sim apoiando publicamente causas de dimensão nacional e internacional, como, por exemplo, a defesa de que o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff é na verdade um golpe parlamentar, mas sempre que pode ataca Trump e prega o voto em sua rival democrata.

Entre os republicanos, acontece o oposto. Esta semana, 50 dos mais renomados especialistas em segurança nacional do partido divulgaram carta pública contra Trump, apontado o candidato como um ‘perigo’ para a segurança dos EUA. Mais e mais políticos republicanos, incluindo cinco senadores e seis deputados, já anunciaram que não votarão em Trump em novembro. Há os que migraram para o campo de Hillary, os que votarão em branco e a maioria, que irá votar em Gary Johnson, o candidato libertário.

De acordo com o mago das pesquisas Nate Silver, Trump está em queda vertiginosa e, se as eleições fossem hoje, Hillary teria 80% de possiblidade de ser eleita.

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