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Colômbia/Guerrilha

Governo da Colômbia e ELN iniciam negociações de paz em 27 de outubro

O governo colombiano e os guerrilheiros do Exército de Libertação Nacional (ELN) iniciarão negociações de paz no próximo 27 de outubro, em Quito, no Equador, para pôr fim a um conflito armado de mais de meio século. A decisão foi anunciada pelas partes nesta segunda-feira (10), em Caracas, após a libertação de um civil sequestrado pelo grupo guerrilheiro.

Guerrilheiros do ELN de Colômbia.
Guerrilheiros do ELN de Colômbia. Foto: Fundación Paz y Reconciliación
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Antes do início da etapa de negociações, o ELN, que é a segunda guerrilha colombiana depois das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), comprometeu-se a libertar dois reféns. "Além disso, cada uma das partes fará, a partir da data, outras ações e dinâmicas humanitárias para criar um ambiente favorável à paz", acrescentou o comunicado assinado por quatro delegados do governo e cinco do ELN.

Em Bogotá, o presidente colombiano, ganhador do Nobel da Paz este ano, Juan Manuel Santos, disse que com a instalação de negociações com o ELN a paz no país "será completa". "Estamos buscando há cerca de três anos uma negociação com a guerrilha do ELN para acabar também com o conflito armado com eles (...) Agora que avançamos com o ELN, será uma paz completa", afirmou o presidente em uma declaração à TV da Casa de Nariño, sede do Executivo.

Horas antes do anúncio das negociações, o ELN entregou ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) um homem identificado como Nelson Alarcón, que mantinha sequestrado há três meses. A liberação ocorreu em uma zona rural de Fortul, no departamento (estado) de Arauca, na fronteira leste com a Venezuela. Ele foi o terceiro civil libertado pelo ELN nas últimas duas semanas.

Em mensagem à nação, Santos disse que "foi fundamental o início do processo de libertação (dos reféns), de forma que não haja nunca mais sequestrados pelo ELN na Colômbia".

Santos pede pressa e sinceridade

Em relação aos opositores do acordo de paz com a guerrilha das Farc, rejeitado em referendo, Santos fez um apelo "para que este diálogo seja frutífero" e destacou três pontos. "Primeiro, que não se apresentem propostas impossíveis. Segundo, que nos ajudem a avançar com sentido de urgência, sem dilações. Terceiro, o diálogo deve se estabelecer partindo de duas bases fundamentais: realismo e verdade".

Representantes do governo e da oposição partidária do "não" ao acordo com as Farc, liderados principalmente pelo ex-presidente Álvaro Uribe, prosseguiram nesta segunda-feira (10) com as conversações visando obter consensos que permitam superar um conflito armado de 52 anos.

"As propostas surgidas deste diálogo serão analisadas e discutidas entre o governo nacional e as Farc", disse Santos. Ele ainda afirmou que o diálogo com a oposição é "uma grande oportunidade para se obter uma paz estável, duradoura, ampla e mais profunda".

O presidente destacou que nas reuniões com a oposição, que começaram na semana passada, "foi possível constatar que há temas e objeções onde no lugar das divergências existem apenas mal-entendidos". "Podemos esclarecer muitos destes pontos (...) mas temos consciência de que é preciso trabalhar com urgência, com rapidez, porque o maior inimigo que temos agora é o tempo".

Santos lembrou o "compromisso" do governo e das Farc em manter o cessar-fogo vigente desde o dia 29 de agosto, obtido durante as negociações de paz. "Desde este dia [29 de agosto] não houve uma só morte, um só ferido, um só ataque por conta do conflito com as Farc. Temos que mantê-lo".

Sequestro é principal fonte de recursos

O ELN é uma organização de inspiração comunista criada em 1965, depois da bem-sucedida experiência da Revolução Cubana. O grupo teve seu apogeu durante a segunda metade da década de 1990, quando chegou a contar com 35 mil guerrilheiros. Atualmente, tem cerca de 20 mil integrantes, que dividem o seu trabalho entre a atividade militar e ações de carácter social. Seu líder é Nicolás Rodríguez Bautista, conhecido como Gabino.

Desde sua criação, o ELN atraiu vários padres católicos adeptos da Teologia da Libertação. Isso fez com que o grupo ficasse longe do tráfico de drogas, contrariamente às Farc. A receita financeira do ELN vem do "imposto de guerra" cobrado de companhias petrolíferas e dos sequestros a troco de resgate.

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