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Mais de um milhão tuitam primeira agressão sexual à escritora Kelly Oxford

Depois de ver o vídeo de Donald Trump dizendo grosserias sobre como trata as mulheres que deseja, a escritora e blogueira canadense Kelly Oxford decidiu reagir. Convidou seus quase 750 mil seguidores a relatar no Twitter sua primeira agressão sexual. Mais de um milhão de mulheres responderam.  

A escritora e blogueira Kelly Oxford recebeu mais de um milhão de tuites sobre agressões sexuais
A escritora e blogueira Kelly Oxford recebeu mais de um milhão de tuites sobre agressões sexuais Reprodução: Twitter
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Residente em Los Angeles, Kelly Oxford desencadeou uma onda inesperada de testemunhos sobre um tema explosivo nos Estados Unidos: as agressões sexuais. Ela teve a ideia depois de ver o vídeo gravado em 2005 em que o candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump, dá detalhes obscenos sobre como conquista as mulheres que deseja, gabando-se de fazer o que quer com elas por ser famoso.

O desafio de contar o primeiro assédio foi lançado na sexta-feira (7) e uma hora depois milhares de depoimentos haviam sido registrados, surgindo o hashtag #notokay (não está tudo bem). No dia seguinte, Kelly Oxford foi surpreendida pelo fluxo ininterrupto de tuítes, que ultrapassaram a casa de um milhão.

Com pudor ou utilizando palavras cruas, as mulheres contaram como um parente, o amigo de um amigo, um professor ou um desconhecido, abusou delas. Muitos homens também relataram ter sido vítimas de violência sexual e manifestaram a intenção de se afastar de comportamentos machistas e desrespeitosos como o de Trump. Os testemunhos continuam chegando, mas em ritmo mais lento.

Mesmo se ainda é cedo para saber o impacto do vídeo nas pesquisas de intenção de voto, o assunto trouxe à tona um debate que vem ganhando cada vez mais espaço nos Estados Unidos nessas últimas semanas: a violência sexual.

Brasil foi pioneiro em relatos de agressões sexuais nas redes sociais

Em muitos países latino-americanos, milhares de mulheres também vêm usando as redes para denunciar agressões, inclusive as que estão na terceira idade. A iniciativa partiu do Brasil, do coletivo feminista Think Olga, no ano passado. O fato que desencadeou o hashtag #primeiroassédio foram os tuítes excitados de homens sobre Valentina, uma menina de apenas 12 anos que participou do programa de televisão Master Chef Júnior.

Em abril deste ano, a ativista e colunista colombiana Catalina Ruiz-Navarro também encorajou as mulheres a denunciar em espanhol com o hashtag #miprimeracoso.

Terry O'Neill, presidente da Organização Nacional para as Mulheres dos Estados Unidos, lembra que em 2014 as redes foram inflamadas pelo hashtag #yesallwomen (sim a todas as mulheres), sobre casos de discriminação; foi uma matança cometida por um homem por ter sido rejeitado por vários mulheres que desencadeou os depoimentos.

Para militantes feministas e defensoras dos direitos da mulher, os depoimentos nas redes sociais criam uma forma de consciência sobre um dos problemas mais dramáticos da sociedade.

Avanços relevantes aconteceram nos Estados Unidos sobre a questão como endurecimento em setembro passado, na Califórnia, das leis sobre estupro.

A conferencista americana Jean Kilbourne, famosa por seu trabalho sobre a imagem das mulheres na publicidade, felicitou Kelly Oxford pelo sucesso do #notokay. "Durante anos a nossa cultura minimizou essas coisas (...) É muito importante nos darmos conta de quantas mulheres viveram esse tipo de experiência", disse, concluindo ironicamente que "pelo menos Donald Trump foi bem sucedido ao colocar no centro de sua campanha um problema tão grave".

 

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