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Linha Direta

Senado americano pode bloquear indicação de secretário de Estado de Trump

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Um impressionante trabalho de investigação do “New York Times”, publicado no site do jornal na noite desta terça-feira (13), complica as perspectivas de aprovação pelo Senado da indicação do presidente eleito Donald Trump para o comando da política externa americana. O escolhido de Trump para o posto de secretario de Estado, o CEO da multinacional ExxonMobil, Rex Tillerson, tem ligações com o presidente russo Valdimir Putin. A indicação preocupa principalmente neste momento em que a ingerência da Russia na campanha eleitoral se confirma. Ela provoca dúvidas sobre conflito de interesses e foi duramente criticada por democratas e até por republicanos moderados.

O futuro secretário de Estado americano, Rex Tillerson, ao lado do presidente russo, Vladimir Putin, em 30 de agosto de 2011.
O futuro secretário de Estado americano, Rex Tillerson, ao lado do presidente russo, Vladimir Putin, em 30 de agosto de 2011. REUTERS/Alexsey Druginyn
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Eduardo Graça, correspondente da RFI em Nova York

Donald Trump parece ter escolhido os principais colaboradores para o futuro governo dos Estados Unidos usando dois critérios centrais: lealdade pessoal e êxito financeiro. Rex Tillerson, o CEO da ExxonMobil indicado par o posto mais importante do ministério, é próximo de Trump e fez fortuna em negócios na área de energia.

O problema é que o executivo também tem uma relação próxima, e há duas décadas, com Putin. A ExxonMobil lucraria bilhões de dólares com uma eventual retirada de sanções econômicas à Rússia. As medidas foram iniciadas no governo Obama, em 2014, por conta do conflito da Rússia com a Ucrânia e da anexação da Crimeia.

Lideranças da velha guarda republicana no Senado, como John McCain e Lindsay Graham, deram declarações cautelosas na terça-feira, afirmando que há questões sérias que precisam ser esclarecidas na sabatina de Tillerson no Senado. O ex-candidato à presidência e senador reeleito Marco Rubio, que é da Comissão das Relações Exteriores do Senado, mais jovem e ambicioso, mandou dizer que não aceitará um tratamento diferenciado a Putin por conta da proximidade do russo com o novo secretário de Estado.

A margem de manobra de Trump na casa é pequena. Entre os 100 senadores, 52 são republicanos. As dúvidas levantadas sobre conflitos de interesses podem levar alguns deles a votar contra, bloqueando a indicação do executivo da Exxon para chefiar a diplomacia americana.

Novas evidências sobre interferência russa na campanha eleitoral

A nomeação também preocupa por ter sido feita justamente no momento em que a inteligência americana diz ter mais evidências de interferência russa, através de hackers, nas eleições dos EUA. Reportagem publicada no site do NYT ontem à noite Eduardo, mostra que os hackers, segundo agentes do FBI., eram ligados diretamente a Moscou, e invadiram os computadores do Partido Democrata já em outubro do ano passado, depois de tentativas fracassadas de penetrarem no sistema da própria Casa Branca.

A reportagem segue detalhando uma história de espionagem digital que parece uma versão contemporânea do Watergate, mas com dimensões que ultrapassam as fronteiras americanas, diz o texto. Para o setor de inteligência, este já é o exemplo mais notório de uma potência estrangeira interferindo nas eleições americanas e com um objetivo claro: o de prejudicar a campanha da ex-secretária de Estado Hillary Clinton, com a entrega de documentos privados ao WikiLeaks e a publicação dos mesmos pela grande imprensa americana, inclusive o próprio “Times”.

À reportagem se juntam declarações de medalhões do Partido Republicano, incluindo o líder do partido no Senado, Mitch McConnell, favoráveis a mais investigações sobre o que, no fim, pode se configurar como um ataque russo à democracia americana.

Equipe de Trump busca apoio à indicação de Tillerson

Logo depois de anunciar, bem ao seu estilo, via redes sociais, quem seria o novo secretário de Estado dos EUA a partir de janeiro, Trump e sua equipe reuniram manifestações de apoio a Tillerson de neo-conservadores como Condoleeza Rice e a família Bush, e do ex-secretário de Defesa dos governos Bush e Obama, Robert Gates.

Gates fez questão de diminuir a importância de Tillerson ter recebido uma comenda de “amigos da Rússia” em 2013. Ou seja, o núcleo duro do novo governo se mexe para garantir a aprovação, sem defecções, do executivo, que poderá ser o primeiro cidadão sem qualquer experiência no mundo da diplomacia a comandar a política externa americana.

Trump anuncia mais nome polêmico

Trump anunciou ontem outro nome polêmico para o seu gabinete: o governador do Texas, Rick Perry, outro de seus adversários nas primárias republicanas. Ele foi escolhido para ser o novo titular do Departamento de Energia, justamente uma das agências que o então pré-candidato à presidência texano disse que extinguiria se fosse eleito.

É, no mínimo, irônico que ele aceite o posto agora. Apesar do título de ministério, nos EUA a pasta é centrada em energia nuclear, expertise que Perry não tem. Uma das ações mais destacadas da agência nos últimos anos foi ajudar a traçar o acordo nuclear com o Irã, do qual Perry foi um ardente opositor.

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