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Obama culpa Síria, Rússia e Irã por "ataque brutal" a Aleppo

O presidente americano, Barack Obama, declarou nesta sexta-feira (16) que o regime sírio de Bashar al-Assad e seus apoiadores, Irã e Rússia, são os únicos responsáveis pelo massacre de civis em Aleppo.

Aleppo destruída pelos bombardeios
Aleppo destruída pelos bombardeios REUTERS/Omar Sanadiki
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"Enquanto falamos, o mundo está unido no horror ao ataque brutal do regime sírio e seus apoiadores, os regimes russo e iraniano, na cidade de Aleppo", disse Obama durante coletiva de imprensa de fim de ano. "Este derramamento de sangue e estas atrocidades estão em suas mãos", prosseguiu.

O presidente americano, que em 20 de janeiro transmitirá o poder ao presidente eleito Donald Trump, pediu que observadores imparciais sejam enviados para monitorar os esforços para evacuar os civis da cidade.

Ele também alertou Assad, que enfrenta as forças rebeldes em uma guerra civil desde 2011, de que ele não conseguirá "abrir a via para a legitimidade através de massacres".

Governo sírio suspende evacuação

O governo sírio suspendeu nesta sexta-feira a operação de evacuação de rebeldes e civis da cidade de Aleppo, o que aumenta os temores de uma retomada dos combates para conquistar o último reduto dos insurgentes na segunda cidade da Síria.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, e o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, denunciaram a suspensão das operações e pediram que a evacuação seja retomada. "Aleppo neste momento é sinônimo de inferno", afirmou Ban em Nova York.

A operação de evacuação, iniciada na quinta-feira (15), deveria durar vários dias, mas o exército sírio a suspendeu na manhã desta sexta-feira alegando que os rebeldes "não respeitavam as condições do acordo".

"Os rebeldes abriram fogo, quiseram levar armas não incluídas no acordo e partir com reféns, ou seja, levar os militares ou funcionários governamentais que estavam em seu poder", disse uma fonte militar síria.

Inquietação pelos civis

Por volta das 11h (7h de Brasília) foram ouvidos disparos em Ramusa, por onde transitam os evacuados dos últimos bairros do leste de Aleppo ainda controlados pelos rebeldes.

"Pediram aos funcionários do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) e da Organização Mundial da Saúde (OMS) que se retirassem", confirmou Elisabeth Hoff, representante da OMS na Síria.

Hoff manifestou sua inquietação pelos civis que seguem bloqueados no enclave rebelde, lembrando que entre eles ainda há muitas crianças menores de cinco anos.

Por sua vez, a Rússia anunciou que a evacuação dos rebeldes e de suas famílias havia terminado e que as tropas sírias estavam liquidando os "últimos focos de resistência" em Aleppo.

No entanto, em Aleppo, um general sírio indicou que a operação de evacuação estava "suspensa, mas não terminada".

O presidente russo, Vladimir Putin, principal apoiador do governo sírio, declarou por sua vez que a "próxima etapa" na Síria será "um cessar-fogo no conjunto do território", para o que a Rússia negocia com a oposição armada através da Turquia.

De Tóquio, Putin sugeriu que poderia propor uma reunião em um lugar neutro, como a capital do Cazaquistão, Astana.

Falta retirar 40 mil civis

O emissário da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, considerou que ainda restam 40 mil civis e entre 1.500 e 5 mil combatentes no último reduto rebelde em Aleppo.

O Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH) estimou, por sua vez, que já foram evacuadas 8.500 pessoas, entre elas 3 mil combatentes.

Entre as pessoas retiradas, há pelo menos 250 feridos, disse Ahmad al-Dbis, chefe de uma unidade de médicos e voluntários que coordena a evacuação dos feridos. Ao menos 50 feridos foram transferidos à Turquia.

A suspensão dessa retirada pode se dever a um bloqueio na evacuação dos feridos nas localidades xiitas favoráveis ao governo de Fua e Kafraya, na província de Idlib (noroeste), sitiadas pelos rebeldes. A saída desses feridos era uma das condições do acordo assinado pelo exército sírio e pelos rebeldes.

Antes da suspensão, ambulâncias e ônibus seguiram transferindo pessoas durante toda a noite dos bairros do leste de Aleppo, sob controle rebelde, até os setores rurais da província nas mãos dos insurgentes.

Último reduto da rebelião

O governo do presidente Bashar al-Assad espera o fim da retirada para proclamar oficialmente a vitória em Aleppo, a mais importante desde o início da guerra civil, em 2011.

A província de Idleb, para onde se dirigem os evacuados, é agora o último reduto da rebelião, que, além disso, controla a maioria da província meridional de Deraa e algumas zonas dispersas, sitiadas pelo exército, perto de Damasco.

Na capital, a explosão em uma delegacia de um artefato explosivo ativado à distância por uma menina de 8 anos, que pediu para usar o banheiro e deixou o dispositivo ali, resultou em três policiais feridos, segundo fontes do regime.

Nesta sexta-feira, o Conselho de Segurança da ONU se reunirá para discutir um eventual envio de observadores internacionais encarregados de supervisionar a evacuação. A guerra civil síria provocou desde 2011 a morte de mais de 310 mil pessoas.

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