Escassez de cédulas de dinheiro provoca protestos e saques na Venezuela
A abrupta retirada do mercado da cédula de maior valor na Venezuela, ordenada pelo presidente Nicolás Maduro, e o atraso na circulação de novas moedas e notas geraram protestos e saques em várias cidades do país na sexta-feira (16).
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"Tentativas de saque em vários lugares do país. Situação agravada por falta de dinheiro. Novas cédulas não aparecem", denunciou o presidente do Parlamento, o opositor Henry Ramos Allup, em sua conta no Twitter.
Em Maracaibo (oeste), a segunda maior cidade do país, grupos de pessoas que protestavam pela falta de dinheiro enfrentaram policiais, jogando pedras nos agentes.
Em Maturín, a capital de Monagas, no leste do país, dezenas de pessoas também foram às ruas e bloquearam uma das principais avenidas da cidade.
"Passei pelo mercado, e estava tudo militarizado. Saquearam um caminhão de frango, e um grupo de velhinhos estava na porta do banco protestando porque queria dinheiro", relatou o agricultor Juan Carlos Leal, de Maturín.
Na cidade costeira de Puerto la Cruz, em Anzóategui (leste), "houve tumulto porque as pessoas queriam sacar dinheiro do banco e não deixaram", explicou Génesis, que trabalha em uma padaria da cidade.
"Para controlar a situação, a polícia atirou para o alto e determinou o fechamento das lojas", relatou Génesis, que disse temer represálias.
Denúncias no Twitter
No Twitter, multiplicaram-se as denúncias de protestos em estados como Bolívar (sul), Mérida, Táchira e Zulia (oeste). Muitas foram feitas pela página on-line de jornalismo cidadão Reporte Ya.
Em Santa Bárbara (oeste), a imprensa local informou que um grupo de pessoas tentou abrir, à força, um carro-forte que transportava dinheiro. Os motoristas teriam atirado, e haveria quatro feridos.
O deputado opositor Antonio Barreto Sira afirmou que houve "situações tensas" em El Callao, Tumeremo e San Félix, no estado de Bolívar. Ele compartilhou fotos, nas quais se vê um grupo de pessoas quebrando a entrada de uma loja e tentando entrar à força.
A retirada em apenas três dias da nota de 100 bolívares (US$ 0,15), a de maior valor em circulação no país, foi ordenada por Maduro para acabar com supostas "máfias" instaladas, sobretudo, na Colômbia.
"Grupos de vândalos", diz Maduro
Embora o presidente tenha anunciado que a saída de circulação das notas coincidiria, na quinta-feira (15), com a progressiva entrada de novas cédulas de maior valor, não há sinal das primeiras moedas prometidas de 10, 50 e 100 bolívares, tampouco das notas de 500.
Na noite da sexta-feira, Maduro condenou "os grupos de vândalos e violentos que há por aqui". "Já identificamos alguns em fotos e vídeos nos atos de vandalismo de hoje e há deputados da MUD (Mesa da Unidade Democrática, oposição)", disse.
"A imunidade parlamentar não lhes protege porque são crimes em flagrante, e espero a ação da justiça com a maior celeridade. Serão capturados e postos atrás das grades nas próximas horas. Mão de ferro, compadre!", gritou Maduro, que não nomeou os deputados identificados.
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