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Trump modera tom, mas reafirma promessas nacionalistas nos EUA

"Uma América para os americanos, otimistas para o futuro!" Esse foi o tom do primeiro discurso do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no Congresso do país na noite de terça-feira (28). Diante de republicanos e democratas, o magnata apresentou seu plano de governo com uma relativa sobriedade, contrastando com suas polêmicas atitudes durante os primeiros dias de seu mandato, mas não abandonou suas promessas.

Donald Trump durante seu discurso no Congresso americano na terça-feira, 28 de fevereiro de 2017.
Donald Trump durante seu discurso no Congresso americano na terça-feira, 28 de fevereiro de 2017. REUTERS/Jim Lo Scalzo
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Em um discurso focado na união nacional, Trump fez um apelo pela ajuda do Congresso para governar e diz que vai se concentrar nas prioridades do país neste momento: emprego, reformas fiscal e da saúde e investimentos de US$ 1 bilhão em infraestruturas. Ele declarou que pretende adotar um novo sistema de imigração, baseado no mérito e na capacitação dos imigrantes.

De terno escuro e gravata azul listrada - abandonando seu característico vermelho e o explosivo e improvisado estilo discursivo -, o presidente se manteve, de modo geral, alinhado com o texto divulgado antecipadamente para a imprensa pela Casa Branca.

Contrariando a tradição, os democratas reservaram uma recepção fria para o presidente em sua entrada na Casa. A maioria ficou de pé, sem aplaudi-lo, enquanto outra metade dos congressistas, os republicanos, aplaudiam com entusiasmo. Em um protesto silencioso, cerca de 40 deputadas democratas estavam vestidas de branco, cor símbolo da luta pelos direitos das mulheres.

Revogação do Obamacare

Quase 40 dias depois de sua posse, Trump apresentou ao Congresso as prioridades da Casa Branca, tentando se afastar das polêmicas que pressionam seu governo, e fez um apelo pela unidade em um país cada vez mais polarizado. "Um novo capítulo da grandeza dos Estados Unidos está começando. Um novo orgulho nacional está varrendo o país", afirmou. "Já começamos a drenar o pântano da corrupção", completou.

Trump prometeu "reiniciar o motor da economia americana" e tornar mais difícil a saída de empresas do país. "Minha equipe econômica está desenvolvendo uma reforma fiscal histórica que reduzirá a taxa de impostos das nossas empresas para que possam competir e vencer onde quer que seja", afirmou.

 

O presidente insistiu em uma de suas mais polêmicas promessas de campanha, convocando os legisladores "a rejeitar e substituir" o "desastre" do Obamacare, o sistema de saúde herdado de seu antecessor Barack Obama. O assunto é delicado: o desmantelamento do Obamacare pode deixar cerca de 20 milhões de pessoas sem cobertura médica - cenário que atormenta os congressistas republicanos.

Condenaçãoo de ataques contra a comunidade judaica

O presidente abriu seu primeiro discurso no Congresso condenando os recentes ataques e ameaças contra a comunidade judaica."Esta noite, em que marcamos o fim da nossa celebração do Mês da História do Negro Americano, somos lembrados do caminho da nossa nação na direção dos direitos civis e do trabalho que ainda resta por fazer", começou Trump.

"As recentes ameaças aos centros da comunidade judaica e o vandalismo de cemitérios judeus, além do tiroteio em Kansas City na última semana, nos lembram que, ao mesmo tempo em que podemos ser uma nação dividida na política, somos um país que permanece unido na condenação ao ódio e ao mal em todas as suas formas", declarou o presidente.

Muro na fronteira com o México

Nessa sessão conjunta do Senado e da Câmara de Representantes, Trump também prometeu iniciar "em breve" a construção do polêmico muro na fronteira com o México, com o objetivo de conter "as drogas e o crime". "Em breve, começaremos a construção de um grande, grande muro ao longo da nossa fronteira sul. Começará antes do previsto. Quando estiver concluído, será uma arma muito efetiva contra as drogas e contra o crime", garantiu.

Uma semana depois de ampliar os poderes das agências do setor de migração e de facilitar as deportações de quase 11 milhões de pessoas que estão em situação ilegal no país, Trump garantiu firmeza nas fronteiras. "Enquanto falamos, estamos removendo criminosos, vendedores de drogas e criminosos que ameaçam nossas comunidades e nossas crianças. Esses caras estão indo embora, enquanto falamos aqui esta noite, tal como eu havia prometido", disse o presidente.

Ele defendeu a adoção de um novo sistema migratório nos Estados Unidos, baseado em mérito e na capacitação dos candidatos, que dificulte o acesso ao país de pessoas com baixa qualificação para o mercado de trabalho. "Se passarmos do atual sistema de imigração de pessoas com baixa capacitação e adotarmos um sistema baseado no mérito, teremos muitos benefícios: pouparemos dólares, elevaremos os salários e ajudaremos as famílias em dificuldades - incluindo famílias de imigrantes - a ingressar na classe média", completou.

Para Trump, uma reforma "real e positiva" do sistema migratório americano é possível se todos chegarem a um acordo sobre três pontos básicos: melhorar salários para os americanos, fortalecer a Segurança Nacional e "restabelecer o respeito por nossas leis". Poucas horas antes do discurso, em um encontro com apresentadores de televisão na Casa Branca, Trump havia surpreendido, ao evocar a possibilidade de apoiar uma reforma de regularização de imigrantes sem antecedentes penais.

Política internacional

Fora dos Estados Unidos, Trump prometeu "demolir e destruir" o grupo Estado Islâmico (EI), com a ajuda dos "nossos aliados no mundo muçulmano". Na segunda-feira (27), a Casa Branca anunciou que Trump propôs um aumento de quase 10% no orçamento militar dos Estados Unidos. Com quase US$ 615 bilhões, já é o maior do mundo.

Ao contrário de declarações anteriores, o presidente anunciou um "forte apoio" de Washington à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), mas voltou a convocar os países aliados a cumprirem seus compromissos financeiros. "Apoiamos fortemente a Otan, uma aliança forjada pelos laços de duas guerras mundiais que destronaram o fascismo e uma Guerra Fria que derrotou o comunismo. Mas nossos sócios devem cumprir suas obrigações financeiras", afirmou Trump.

(com informações da AFP)

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