Desde o início de abril uma onda de protestos vem tomando as ruas da Venezuela. Ao todo, 39 pessoas morreram durante as manifestações. Há anos o país está mergulhado em uma crise que parece longe de uma solução.
As duas pessoas que morreram nesta terça-feira foram baleadas durante os protestos. Miguel Castillo foi atingido no tórax durante uma manifestação em um bairro nobre de Caracas, e Anderson Dugarte, após levar um tiro, ficou dois dias internado, mas não resistiu. O crime aconteceu em Mérida, na região andina do país. Boa parte das 39 vítimas dos protestos foram vítimas de tiros.
A média de idade dos falecidos é de 28 anos e quase todos eram do sexo masculino. Há controvérsias sobre o motivo dos crimes e troca de acusações entre governo e oposição. Para os opositores, os paramilitares favoráveis ao governo são, na maioria das vezes, os culpados.
Segundo o ministro de Interior e Justiça, Nestor Reverol, “a convocação violenta da (coligação opositora) Mesa da Unidade Democrática volta a deixar de luto todas as famílias venezuelanas”. Há poucas semanas, o ministro Reverol anunciou a proibição do porte de armas de fogo, o que não está acontecendo. Outras mortes contabilizadas nos protestos são de pessoas que participavam de saqueamentos e acabaram entrando nas cifras oficiais.
As mortes dão força às manifestações. Hoje, por exemplo, será realizada uma caminhada em homenagem a Miguel Castillo. Nos próximos dias haverá outros dois protestos. Os opositores garantem que as atividades nas ruas estão dando resultados, e pressionando o governo de Nicolás Maduro. Na noite de ontem, em diversas partes da capital Caracas, as pessoas voltaram a protestar, desta vez fazendo um panelaço.
Nas ruas desde primeiro de abril, a oposição está contra as recentes medidas do governo de Nicolás Maduro, entre elas a convocação da Assembleia Constituinte e a anulação dos poderes da Assembleia Nacional ordenada pelo Tribunal Supremo de Justiça.
Prisões arbitrárias
Organizações Não-Governamentais de Direitos Humanos informam que cerca de 150 civis presos durante protestos foram levados à Justiça Militar. Estas ações fazem parte do Plano Zamora, anunciado recentemente pelo governo. A repressão deve aumentar: Nicolás Maduro anunciou que armaria a milícia com 500 mil fuzis e cerca de 200 mil membros do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) vão receber treinamento militar.
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