Maduro oficializa pedido de referendo para aprovação de nova Constituição
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, oficializou nesta segunda-feira (5) o pedido de referendo para aprovar a Carta Magna que será elaborada durante a Assembleia Constituinte, mas a decisão não diminuiu os protestos da oposição.
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Diversos grupos de opositores se reuniram em vários pontos de Caracas, mas os protestos foram coibidos por militares, que lançaram bombas de gás lacrimogêneo. Os deputados Miguel Pizarro e Juan Requesens denunciaram agressões durante a confusão. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Imprensa (SNTP), vários jornalistas foram "agredidos" e roubados por militares venezuelanos quando cobriam os protestos contra Maduro em Caracas.
"São 14 profissionais de imprensa agredidos, 13 em Caracas e um no estado de Mérida. Exceto por dois casos, as agressões foram praticadas por organismos de segurança do Estado, principalmente a Guarda Nacional", disse Marco Ruiz, secretário-geral do SNTP.
O Parlamento, dominado pela oposição, convocou o ministro do Interior, Néstor Reverol, para que responda "pela repressão", e convocou passeatas em direção às sedes do poder eleitoral em Caracas e em todos os Estados do país na próxima quarta-feira contra a Constituinte. Durante a noite desta segunda-feira, ocorreram distúrbios em Caracas e no bairro de El Paraíso (oeste) três militares foram feridos a bala, mas estão "fora de perigo", informou a Procuradoria.
Em Altamira, no leste da capital, manifestantes queimaram três ônibus. Desde o início das manifestações, no dia 1º do abril, 65 pessoas morreram e mais de 1.000 ficaram feridas. Os grupos pedem a saída de Maduro do poder, eleições gerais e negam a Constituinte, em meio a uma grave crise econômica. "Todos temos as mesmas necessidades, faltam alimentos, remédios e justiça", declarou um manifestante em El Paraíso, no oeste da capital da Venezuela, onde os confrontos foram intensos.
País vive situação crítica
O país vive escassez crônica de alimentos, remédios e inflação que pode chegar aos 720% em 2017, segundo o FMI. A Venezuela ainda sofre com a desvalorização do petróleo, responsável por 96% de suas receitas.Enquanto as forças de segurança e os manifestantes se enfrentavam, os funcionários do governo apresentavam ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE) o documento que prevê o referendo.
A presidente do CNE, Tibisay Lucena, recebeu o texto e propôs a votação da Constituinte para o dia 30 de julho. O sistema de votos vai ser territorial e por setores sociais. Segundo a oposição, o formato é fraudulento, porque garante que o chavismo conquiste maioria entre os 545 membros da Assembleia.
O dirigente chavista Jorge Rodríguez, que levou o documento à CNE, disse estar certo que "a maioria do povo" vai aprovar a nova Constituição. "Mais democrático, impossível. Todos que queiram se distanciar da proposta violenta da oposição têm que participar", acrescentou.
(Com informações da AFP)
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