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Estados Unidos, México e Canadá sentam à mesa para renegociar Nafta

Estados Unidos, México e Canadá se preparam para dar início, a partir desta quarta-feira (16), à revisão do Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta, na sigla em inglês), um acordo vital para a economia mexicana, que Donald Trump prometeu revogar durante a campanha presidencial.

A chanceler canadense, Chrystia Freeland, aperta a mão de seu homólogo mexicano, Ildefonso Guajardo Villarreal, antes do primeiro round de conversas para a renegociação do Nafta em 15 de agosto de 2017.
A chanceler canadense, Chrystia Freeland, aperta a mão de seu homólogo mexicano, Ildefonso Guajardo Villarreal, antes do primeiro round de conversas para a renegociação do Nafta em 15 de agosto de 2017. REUTERS/Joshua Roberts
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As negociações para a revisão do Nafta prometem ser espinhosas. Ao abolir as fronteiras aduaneiras, o acordo assinado em 1994 estimulou o comércio entre os três países, mas agravou as desigualdades. Donald Trump culpa o texto pela explosão do déficit na balança comercial americana com o México.

A mão de obra barata no país vizinho levou indústrias americanas a fabricar seus produtos no México, aumentando o desemprego nos Estados Unidos. Em meio às inúmeras polêmicas de seu mandato - a mais recente envolvendo a violência racista em Charlottesville - Trump precisa dar um sinal de vitória a seus eleitores.

Os negociadores dos três países vão se reunir até domingo (20) em Washington para atualizar o texto de 1994, que permitiu a livre-circulação de bens e serviços entre eles.

Trump precisa realizar demonstração de força

Desde sua origem, o tratado é bastante polêmico. Seus detratores o acusam de ser injusto e acabar com empregos; já os defensores afirmam que ele impulsionou o crescimento. Sua revogação foi repetida como um mantra durante a campanha eleitoral de Trump, que qualificou o acordo como um "desastre". A renegociação é, portanto, crucial para o presidente americano, que precisa dar um sinal de força política apreciado por seus eleitores.

"Não há outra escolha senão agir. É indispensável politicamente", declarou Edward Alden, do centro de análises Council of Foreign Relations (CFR). "Em algum momento" das negociações, Trump precisará de algum resultado que possa exibir como prova de vitória”, completou.

Diferenças e desgastes: Nafta em jogo

Os Estados Unidos lamentam sua balança comercial com o México, que, desde a assinatura do tratado, passou de um excedente de US$ 1,3 bilhão a um déficit de US$ 64 bilhões. Para a economia do México, contudo, o Nafta tornou-se crucial, já que o país envia aos Estados Unidos cerca de 80% de suas exportações, sobretudo bens industrializados e agrícolas.

O acordo impulsionou significativamente o setor automotivo mexicano, que cresceu graças à oferta de mão de obra barata, estimulando fabricantes americanos a fecharem fábricas em seu país.

"Muitos americanos foram prejudicados pelas fábricas fechadas, pela perda de empregos e pelas promessas políticas fracassadas", declarou no mês passado o Representante para o Comércio Exterior dos Estados Unidos (USTR), Robert Lighthizer.

A balança comercial dos Estados Unidos com o Canadá é mais equilibrada, mas a relação também tem pontos de tensão em alguns setores, entre eles os de laticínios, vinhos e cereais, que Washington acusa de serem subsidiados. Nessas negociações, "é preciso evitar de se tornar outro bode expiatório", afirmou na segunda-feira (15) a ministra de Relações Exteriores do Canadá, Chrystia Freeland.

Iniciativa foi cobrança dos Estados Unidos

A revisão do Nafta foi uma cobrança dos Estados Unidos, mas os três países concordaram com a necessidade de rever o acordo de quase um quarto de século atrás, desenvolvido antes da era da internet, com o objetivo de trazer benefícios a todos.

"Cada país sente que tem muito a ganhar com essas negociações", disse Jeffrey Schott, especialista do Nafta no Instituto Peterson de Economia Internacional. “Um bom acordo para os três países vai melhorar a competitividade da América do Norte frente à Ásia”, destacou.

O governo Trump afirmou que deseja um resultado rápido das conversas, algo pouco provável para os especialistas. Ao pontapé inicial desta semana se seguirá uma segunda rodada de negociações a partir de 5 de setembro, no México.

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