Latinos de Porto Rico se sentem discriminados por Trump após passagem de furacão
Para a Casa Branca, Porto Rico não é nem o Texas e muito menos a Flórida. Esta, pelo menos, é a sensação dos três milhões e meio de cidadãos norte-americanos que vivem na ilha caribenha, em sua esmagadora maioria de origem latina.
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Eduardo Graça, correspondente da RFI em Nova York
Eles se dizem completamente abandonados por Washington depois da passagem do furacão Maria há mais de uma semana, deixando praticamente toda a ilha sem eletricidade, milhares de casas destruídas e supermercados sem estoque de água e alimentos.Tudo isso em meio a uma intensa frente quente, com temperaturas batendo recordes para esta época do ano. Duramente criticado, o presidente Donald Trump anunciou que visitará a capital San Juan e também as Ilhas Virgens na terça-feira (3), mais de 15 dias depois da devastação causada pelo Maria.
Trump se defendeu nas redes sociais dizendo que a única diferença entre a reação do governo federal aos furacões que destruíram Houston, no Texas, causaram danos em várias cidades da Flórida e Porto Rico é o fato de a ilha caribenha estar distante geograficamente de Washington. Mas os números o desmentem: dos 10 mil funcionários do equivalente à Defesa Civil da área continental, apenas 700 foram enviados para Porto Rico. Mais grave: ao contrário do que fez no caso dos dois estados sulistas, Trump não derrubou as restrições a embarcações de outros países interessadas em enviar suprimentos e equipes de socorro ao território associado, o que foi interpretado como uma prevenção ao possível uso político do fato pelos governos vizinhos de Havana e Caracas.
O governador de Porto Rico, no entanto, diz que a ilha está em vias de viver uma crise humanitária. Os democratas afirmam que se o presidente não se mexer com mais rapidez, Porto Rico será o Katrina de Trump, em uma referência ao furacão que destruiu Nova Orleans em 2005 e causou enorme dano político ao então presidente George W. Bush, acusado de reagir de forma inepta a uma tragédia em uma área urbana com população majoritária de origem afro-americana.
Os cidadãos de origem latino-americana, assim como os negros, votam em peso contra os republicanos. Não por acaso, quem saiu em defesa dos porto-riquenhos esta semana foi a ex-secretária de Estado Hillary Clinton. Derrotada por Trump nas eleições do ano passado, ela afirmou que enquanto os habitantes da ilha estavam abandonados por Washington, Trump se dedicava a uma briga sem sentido com duas das mais importantes ligas de esportes do país, as de futebol americano e de basquete. “Eu tenho as minhas dúvidas se ele sequer sabe que os porto-riquenhos são cidadãos americanos”, disse Clinton.
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