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EUA/El Salvador

EUA: 200 mil salvadorenhos protegidos por estatuto humanitário poderão deixar o país

Os Estados Unidos colocaram um ponto final nesta segunda-feira (8) ao Estatuto de Proteção Temporária (TPS, na sigla em inglês) para 200 mil salvadorenhos, que agora têm 18 meses para encontrar outra forma de regularizar sua situação ou deixar o país.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem buscado adotar medidas contra a imigração que agradam a ala mais conservadora do governo
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem buscado adotar medidas contra a imigração que agradam a ala mais conservadora do governo REUTERS/Yuri Gripas
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O acordo foi adotado pelos Estados Unidos após o terremoto de 2001, que devastou El Salvador. Em nota, o governo do presidente do El Salvador, Sánchez Cerén, disse que a decisão deve ser respeitada e agradeceu aos Estados Unidos por "este anúncio, que reafirma os fortes laços de amizade e de cooperação que os mantêm como parceiros históricos".

As autoridades fixaram um prazo até 9 de setembro do ano que vem para colocar em prática a decisão. Este período, segundo as autoridades salvadorenhas, vai possibilitar aos imigrantes que beneficiam da proteção buscar uma outra maneira de continuar no território americano ou voltar para o país.

A situação abre um cenário de enorme incerteza para dezenas de milhares de famílias salvadorenhas, beneficiárias do estatuto e que tiveram filhos nos Estados Unidos, que têm cidadania americana. Cristian Chávez, um salvadorenho que vive no país, disse que, durante 17 anos, “pagou seus impostos e construiu sonhos para o futuro da minha família, que terminaram hoje".

Chávez é casado com uma salvadorenha com residência legal no país e ambos têm um filho que é cidadão americano. "Espero que não chegue o dia em que eu tenha que ir embora", comentou. Agora, a situação está nas mãos do Congresso americano, (controlado pelo Partido Republicano de Trump, que neste prazo de 18 meses poderá definir uma fórmula para que as pessoas resolvam sua situação.

Preocupação das autoridades canadenses

A decisão de não renovar os benefícios do programa TPS é um gesto de Trump que visa agradar setores do governo que combatem ativamente a imigração ilegal. Representantes dessa ala alegam que o TPS teve um caráter de proteção a pessoas em situação de emergência humanitária, mas setores do governo afirmam que é apenas uma brecha na legislação que permite a imigração em massa.

A embaixadora de El Salvador em Washington, Claudia Canjura, disse a jornalistas que as autoridades americanas já haviam explicado que o TPS era um programa de caráter temporário e que não seria possível continuar renovando-o depois de 16 anos. "Isso nós entendemos, e respeitamos as decisões tomadas pelo governo" de Washington, disse.

O ministro da Segurança Pública do Canadá anunciou nesta segunda-feira que seu governo trabalha "há meses" em medidas de contenção a fim de evitar uma chegada maciça de salvadorenhos, como aconteceu com emigrantes haitianos no ano passado, depois que os Estados Unidos também decidiram suspender o TPS que os beneficiava. "Devemos estar preparados para enfrentar todas as eventualidades e estamos", disse o ministro Ralph Goodale à rede de televisão CBC.

"Cruel e sem coração"

Ao tomar conhecimento da determinação do fim do TPS para os salvadorenhos, o presidente do Comitê Nacional do Partido Democrata, Tom Perez, ressaltou que se trata de "uma decisão cruel e sem coração de parte de um presidente cruel e sem coração". O centro de reflexão Grupo de Trabalho para a América Latina (LAWG, de Washington), por sua vez, destacou que a decisão desta segunda-feira "reforça o programa xenófobo do governo, que lança famílias e indivíduos na escuridão do medo”

Em 7 de novembro passado, o governo americano decidiu não renovar o TPS para 5.300 cidadãos nicaraguenses, protegidos nos Estados Unidos desde que o furacão Mitch arrasou o seu país, em outubro de 1998. Pouco depois, em 20 de novembro, o a mesma decisão atingiu 59.000 mil haitianos, a maioria sobreviventes do terremoto de 2010.

(Com informações da AFP)

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