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Américas

Trump ignora controle da posse de armas e pede mais amor, após massacre na Flórida

Em um discurso à nação, depois de mais um massacre a um centro educacional, o presidente americano Donald Trump pediu unidade e invocou o amor contra o ódio, mas não falou nada sobre o controle da posse de armas.

Trump durante seu discurso à nação, depois do massacre que deixou 17 mortos na Flórida.
Trump durante seu discurso à nação, depois do massacre que deixou 17 mortos na Flórida. REUTERS/Leah Millis
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Trump prometeu focar na atenção à saúde mental depois que um adolescente "perturbado" com uma obsessão por armas de fogo atirou na quarta-feira (14) contra estudantes e adultos em um instituto em Parkland, a cerca de 80 quilômetros de Miami, deixando 17 mortos.

Nikolas Cruz, um jovem de 19 anos ex-aluno da escola Marjory Stoneman Douglas de Parkland, foi indiciado nesta quinta-feira por 17 acusações de homicídio premeditado.

Trump, que ordenou que as bandeiras ficassem a meio mastro em sinal de luto, anunciou que prevê visitar a comunidade da Flórida.

"Perturbado mental"

Mais cedo, no Twitter, o presidente, que foi eleito com o apoio da influente Associação Nacional do Rifle (NRA, em inglês), um poderoso lobby pró-armas, exigiu saber como um "perturbado mental" conseguiu realizar um massacre.

Mas não questionou que o atirador tivesse um fuzil em uma idade em que muitos americanos não podem comprar cerveja ou cigarros.

"Tantos sinais de que o atirador da Flórida era um perturbado, inclusive expulso da escola por sua má conduta", tuitou Trump. Ele também acrescentou que "os vizinhos e os colegas de classe sabiam que era um grande problema. Eles deveriam ter informado às autoridades".

Tragédia anunciada

Cruz "era esquisito" e os estudantes comentavam que parecia alguém prestes a executar uma matança, disse um dos sobreviventes.

"Ele era calado, as pessoas o importunavam de vez em quando e havia boatos sobre ele, como que estava planejando um ataque a tiros em uma escola", contou à AFP Manolo Álvarez, de 17 anos. "Mas ninguém acreditava. Achávamos que eram só boatos até que, infelizmente, aconteceu".

Nas redes sociais, Cruz demonstrava uma obsessão por armas de fogo e facas, e, segundo depoimentos de seus ex-colegas de colégio, tinha um comportamento agressivo que acabou motivando sua expulsão da escola no ano passado.

Cruz e seu irmão foram adotados em 1998, mas no ano passado, após a morte de sua mãe, ele foi morar com a família de um colega de classe.

"O acolheram dizendo que assim faziam uma boa ação", explicou o advogado da família, Jim Lewis, ao jornal Sun Sentinel. "Ele era um pouco esquisito, estava um pouco deprimido depois da morte da mãe, mas quem não estaria?". O jovem frequentava uma escola pública e trabalhava em uma loja próxima, acrescentou o advogado.

Cruz, que depois dos disparos supostamente fugiu em meio à multidão, foi preso na quarta-feira na localidade próxima de Coral Springs e está sob custódia em uma prisão da Flórida.

A Polícia encontrou em sua casa muitos 'magazines' (carregadores de munição para armas semiautomáticas) e um poderoso fuzil AR-15.

 FBI alertado

O FBI havia sido alertado sobre Cruz, disse nesta quinta-feira um americano que tem um canal no YouTube. Segundo Benn Bennight, em setembro do ano passado alguém que se identificou como Nikolas Cruz publicou um comentário ameaçador em um de seus vídeos, anunciando: "serei um atirador profissional contra escolas".

Bennight disse que imediatamente entrou em contato com os encarregados do YouTube e do FBI. Agentes o visitaram e perguntaram se ele conhecia a pessoa que havia feito o comentário ameaçador. "Foi a última coisa que ouvi deles", declarou Bennight à imprensa local.

O massacre do Dia de São Valentim, como é chamado, trouxe à tona novamente a epidemia da violência armada no país e o fácil acesso às armas de fogo, que deixam 33 mil mortos por ano.

Nesta quinta-feira, o secretário de Justiça, Jeff Sessions, descartou qualquer reforma legislativa sobre o tema e, como Trump, destacou a instabilidade mental dos autores de massacres.

O ex-presidente democrata Barack Obama se negou a acreditar na inevitabilidade desses dramas. "Não somos impotentes", tuitou, pedindo uma legislação de "senso comum" sobre o tema.

Os americanos, menos de 5% da população mundial, possuem quase a metade das armas de propriedade civil do mundo. A taxa de homicídios por disparos é 25 vezes maior que no resto dos países desenvolvidos.

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