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Oxfam/prostitutas

Relatório interno da ONG Oxfam de 2011 relata uso de prostitutas por diretor no Haiti

A ONG britânica Oxfam divulgou nesta segunda-feira (19) um relatório interno de 2011 sobre a missão de ajuda no Haiti, que revela como um de seus diretores pagou a prostitutas e alguns de seus funcionários intimidaram colegas.

ONG Oxfam divulga relatório interno para tratar escândalo "com transparência".
ONG Oxfam divulga relatório interno para tratar escândalo "com transparência". REUTERS/Peter Nicholls
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De acordo com o documento de 11 páginas, divulgado em uma versão parcialmente censurada, o ex-diretor da Oxfam no Haiti, o belga Roland Van Hauwermeiren, 68 anos, admitiu que pagou por relações sexuais com prostitutas. A ONG estava presente no Haiti desde o terremoto de 2010, que deixou mais de 200.000 mortos.

O informe, elaborado em 2011 após uma investigação interna, não descarta a possibilidade de que houvesse prostitutas menores de idade. A haitiana Mikelange Gabou disse ao jornal The Times que teve relações sexuais com Van Hauwermeiren quando ela tinha 16 anos e ele, 61. De acordo com seu depoimento, o belga entregou dinheiro e fraldas para seu bebê.

Na semana passada, Van Hauwermeiren negou ter organizado orgias com jovens prostitutas, mas admitiu em uma carta publicada pela imprensa belga que teve relações sexuais com uma "mulher respeitável e madura", sem entregar dinheiro.

Intimidações

De acordo com o relatório, sete funcionários da Oxfam no Haiti deixaram a ONG após a investigação interna. Alguns foram acusados, além de pagar a prostitutas, de perseguir e intimidar outros membros da organização.

Quatro deles foram demitidos por "falhas graves" e três pediram demissão, entre eles Roland Van Hauwermeiren, a quem a Oxfam optou na época por oferecer uma "saída digna, desde que cooperasse plenamente com o restante da investigação". Além disso, há a suspeita de que três pessoas "ameaçaram fisicamente e intimidaram" uma das 40 pessoas que testemunharam na investigação interna.

A Oxfam afirmou que decidiu publicar o relatório "para ser o mais transparente possível sobre as decisões que foram tomadas durante a investigação". A ONG também comunicará os nomes das pessoas envolvidas às autoridades do Haiti, que realizam uma investigação própria.

Na sexta-feira, a Oxfam revelou um plano de ação para impedir novos casos similares e tentar responder à polêmica mundial, que levou parceiros e personalidades que apoiavam a ONG a abandoná-la.

A Oxfam, que no ano fiscal 2016-17 recebeu o equivalente a cerca de R$ 144 milhões do governo britânico, aceitou não pedir mais recursos públicos até cumprir as normas de proteção de pessoas, indicaram as autoridades.

No relatório sobre o Haiti, a Oxfam concluiu que era necessário adotar "mecanismos melhores" para informar as demais agências sobre o comportamento problemático dos funcionários.

Depois da Oxfam, uma ONG francesa

Depois de deixar a Oxfam, Roland van Hauwermeiren trabalhou para a organização francesa Ação contra a Fome em Bangladesh. A ONG da França lamentou não ter sido avisada sobre o comportamento do belga no Haiti.

Após as primeiras revelações de abusos, também em países como Sudão do Sul e Libéria, o diretor geral da Oxfam no Reino Unido, Mark Goldring, afirmou que o escândalo era "desproporcional", mas no domingo admitiu que a organização deveria ter sido mais transparente.

O caso também provocou a revelação de comportamentos similares em outras ONGs como a britânica Save the Children, acusada de ter permitido a saída sem punição de Brendan Cox, marido da deputada assassinada Jo Cox, que teve um comportamento inapropriado com as companheiras de trabalho. Cox pediu desculpas no fim de semana e abandonou os cargos que ocupava em duas associações criadas em memória de sua mulher.

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