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Peru, Corrupção, Odebrecht

Presidente do Peru pede demissão após escândalo de corrupção

O presidente peruano, Pedro Pablo Kuczynski, renunciou nesta quarta-feira (21), um dia antes de uma tentativa de impeachment no Congresso. Ainda não está claro se os parlamentares aceitarão a demissão ou pretendem dar seguimento à votação. 

Presidente peruano Pedro Pablo Kuczynski pede demissão após escândalo de corrupção.
Presidente peruano Pedro Pablo Kuczynski pede demissão após escândalo de corrupção. REUTERS/Mariana Bazo/File Photo
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"Frente a essa difícil situação que se gerou (...) acho que o melhor para o país é que eu renuncie à presidência da república", disse Kuczynski acompanhado dos membros de seu gabinete ministerial durante uma mensagem televisionada nesta quarta-feira (21). 

O homem de 79 anos, eleito em 2016 com 50,1% dos votos, é o primeiro presidente latino-americano a perder seu cargo por conta do escândalo da Odebrecht, que admitiu ter pago milhões de dólares em propinas em vários países latino-americanos para obter importantes contratos de obras públicas. No caso do presidente, a empresa afirmou ter pago US$ 5 milhões, mais de R$ 16 milhões, a empresas de consultoria ligadas a Kuczynski, entre 2004 e 2006, quando ele era ministro. 

O escândalo também afetou outros políticos peruanos. O ex-presidente Ollanta Humala está em prisão provisória há oito meses, enquanto o país se prepara para pedir a extradição de outro ex-presidente Alejandro Toledo, que vive nos Estados Unidos, por seu envolvimento no caso. 

Em uma mensagem no Twitter, Kuczynski negou mais uma vez seu envolvimento. "Eu rejeito categoricamente essas declarações não comprovadas e reafirmo meu compromisso com um Peru honesto, moral e justo para todos", disse Kuczynski em sua carta de renúncia. "A oposição tentou me retratar como uma pessoa corrupta", afirmou.  

Tentativa de impeachment fracassada em 2017

O ex-banqueiro de Wall Street já havia sobrevivido a uma tentativa de impeachment do Congresso, que é dominado pela oposição, em dezembro de 2017. Na terça-feira (20), a principal força popular da oposição, liderada por Keiko Fujimori, filha do ex-presidente do Peru, Alberto Fujimori (1990-2000), aumentou a pressão pelo impeachment, acusando o governo de ter comprado votos em dezembro para evitar a demissão do presidente, no primeiro processo perante o Congresso.

Entre os deputados envolvidos está Kenji Fujimori, o filho mais novo de Alberto Fujimori e rival de sua irmã Keiko. Foi precisamente graças a seu apoio e de seus aliados que Kuczynski evitou o impeachment em dezembro. 

Dois dias depois, Kuczynski perdoou Alberto Fujimori, que estava cumprindo uma sentença de 25 anos de prisão por crimes contra a humanidade e corrupção. A decisão foi muito criticada, especialmente por muitos acreditarem que Kenji e Kuczynski fizeram um acordo, o que as duas partes negam. 

A instabilidade no Peru acontece em um momento em que Lima está se preparando para sediar em três semanas, nos dias 13 e 14 de abril, a cúpula das Américas, onde são esperados trinta chefes de estado, incluindo o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

O vice-presidente Martin Vizcarra, que fará 55 anos na quinta-feira (22), deve suceder Kuczynski. Também embaixador do Peru no Canadá, ele iria viajar nesta quarta-feira (21) ao Quebec.
 

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