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Argentina

"Dia D" para a credibilidade da economia argentina

Esta terça-feira (15) é decisiva para a confiança do mercado na economia argentina. O governo Macri fez uma jogada ousada que revela o desespero por conter uma corrida cambial. Mesmo que passe na prova, já se admite mais inflação e menor crescimento econômico.

Argentinas protestam contra as negociações do governo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), em Buenos Aires, em 14 de maio de 2018.
Argentinas protestam contra as negociações do governo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), em Buenos Aires, em 14 de maio de 2018. Eitan ABRAMOVICH / AFP
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Márcio Resende, correspondente da RFI em Buenos Aires

Dia D para economia argentina. Vencem em pesos argentinos o equivalente a US$ 27 bilhões (671,8 bilhões de pesos) em letras do Banco Central (Lebacs). O montante representa 65% de todo o dinheiro em circulação no país.

A pergunta que desafia o governo: será que os investidores vão renovar esse título público e continuar em pesos ou vão abandonar a moeda argentina e passar ao dólar?

Se continuarem em pesos, será um voto de confiança na economia argentina. Se passarem ao dólar, farão disparar a cotação da moeda norte-americana.

Nas últimas horas, o Banco Central se antecipou a esse movimento e ofereceu US$ 5 bilhões de dólares ao mercado, mas a 25 pesos, marcando um novo recorde histórico na cotação. A jogada que implicou a desvalorização do peso em 6,96% num único dia visa marcar um teto para o dólar, desestimulando a corrida cambial para adquirir dólares a esse nível.

Segundo a tática do governo, valerá mais a pena para os investidores continuarem em pesos com taxa de juros anual acima de 40%, a mais alta do mundo.

Pressão

Além de atiçar a ambição dos investidores por lucros elevados em pesos, o governo também pressiona banqueiros, empresários, companhias asseguradoras e fundos de investimento a renovarem o interesse nesses papeis de curto prazo que têm servido para financiar o elevado déficit fiscal argentino.

O governo confia em já ter assegurado a renovação em 60%. Terá atingido o objetivo se conseguir seduzir cerca de 80%, média de renovação nos últimos meses. O resultado só sairá no final do dia. Uma eventual pressão contra o peso aconteceria também na quarta-feira (16).

Mesmo que passe no teste do mercado, o desafio econômico argentino é titânico. A valorização do dólar tem incidência direta no aumento dos preços, sobretudo na Argentina, um país que raciocina em dólares.

Por outro lado, o aumento da inflação e a incerteza prometem afetar o nível de atividade econômica. A inflação prevista para 15% no ano, pode chegar a 25%, segundo os economistas. O crescimento previsto em 3,5% pode ficar abaixo de 2%.

"A Argentina terá mais inflação e menos crescimento num curto prazo", admitiu o ministro da Fazenda, Nicolás Dujovne.

Socorro do FMI

O chefe do Gabinete de Ministros, Marcos Peña, diz saber que existe "incerteza" e "medo" nas ruas, mas diferencia a atual situação de acudir ao Fundo Monetário Internacional. "Estamos num processo de crescimento. Não temos um país paralisado. Não estamos recorrendo ao FMI numa situação terminal como nos anos 80", defendeu.

Na próxima sexta-feira (18), o FMI começa a discutir o caso argentino. O presidente Mauricio Macri conversou durante 10 minutos com o seu amigo Donald Trump para pedir - e conseguir - o apoio dos Estados Unidos, principal sócio do FMI, a um acordo com a Argentina.

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