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Estados Unidos/herbicida

Apesar de condenação na Justiça americana, Bayer defende glifosato

O grupo farmacêutico Bayer declarou, neste sábado (11), que o glifosato é "seguro e não cancerígeno", depois de o fabricante agroquímico Monsanto ter sido condenado nos Estados Unidos por não advertir sobre o perigo de seu pesticida, Roundup.

A autorização do uso do glifosato causa polêmica na União Europeia
A autorização do uso do glifosato causa polêmica na União Europeia Reuters
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Mas, apesar da decisão judicial que pode estabelecer jurisprudência, o grupo farmacêutico alemão não vai parar a produção do glifosato, usado em nível global na agricultura por sua eficácia e baixo custo.

"Baseando-se em provas científicas, avaliações regulamentadoras em escala mundial e em décadas de experiência prática do uso do glifosato, a Bayer estima que o glifosato é seguro e não cancerígeno", segundo um porta-voz do grupo alemão, novo proprietário da Monsanto.

"Apelaremos da decisão e defenderemos vigorosamente este produto com 40 anos de história, que continua sendo vital, efetivo e seguro para agricultores e para outros usuários", afirmou a companhia em um comunicado. Já a Bayer considerou que a sentença não estabelece um precedente. "Outros casos podem chegar aos tribunais com outros jurados, que darão conclusões diferentes", estima a empresa.

Na sexta-feira (10), o júri de um tribunal de San Francisco condenou a Monsanto a pagar quase US$ 290 milhões de indenização a Dewayne Johnson. O jardineiro americano de 46 anos afirma que os produtos da Monsanto - especialmente o Roundup, usado por ele durante anos - provocaram o câncer do qual ele é vítima.

Dois anos de vida

Os jurados avaliaram que a Monsanto agiu de maneira mal-intencionada e que seu pesticida Roundup, assim como sua versão profissional RangerPro, contribuíram “consideravelmente” para a doença de Johnson. O zelador de escola foi diagnosticado em 2014 com o incurável linfoma de Hodgkin, um câncer que afeta os glóbulos brancos do sangue. Segundo os médicos, ele tem menos de dois anos de vida.

Johnson, que até ser diagnosticado com a doença não tinha problemas de saúde, explicou no final de julho que não tinha qualquer conhecimento sobre as polêmicas ligadas ao glifosato até que viu marcas em sua pele e começou a se informar na Internet. Seus advogados consideraram que a Monsanto privilegiou seus lucros em detrimento da saúde pública, combatendo os estudos científicos que levantavam a tese dos riscos cancerígenos do glifosato.

Evidência irrefutável

Segundo um de seus advogados, Brent Wisner, o veredito é uma "evidência irrefutável" de que o produto é perigoso. "As pessoas sofrem de câncer, porque a Monsanto não lhes deu outra opção", acrescentou, mostrando-se determinado a "lutar até o fim".

Em um comunicado, a empresa reagiu, anunciando que recorrerá da sentença. Também reiterou a ideia de que o glifosato, princípio ativo do Roundup, não provoca câncer e não é responsável pela doença de Johnson. O julgamento, histórico, foi o primeiro a tratar do possível caráter cancerígeno dos produtos com glifosato da Monsanto e pode provocar um efeito dominó, porém, com consequências para as contas da Bayer.

Classificado como "cancerígeno provável" pela Organização Mundial de Saúde (OMS) desde 2015, o glifosato é o pesticida mais usado no mundo. Lançado em 1976, o Roundup é o mais conhecido deles.

 

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