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Crise

Venezuela pede ao Brasil proteção aos imigrantes após agressões em Roraima

A Venezuela pediu ao governo brasileiro que proteja seus cidadãos, após o confronto que terminou na destruição de acampamentos de imigrantes venezuelanos no sábado (19), na cidade de Pacaraima, em Roraima.

Menino venezuelano aguarda enquanto os pais fazem fila para se registrar em Pacairama, no dia 9 de agosto.
Menino venezuelano aguarda enquanto os pais fazem fila para se registrar em Pacairama, no dia 9 de agosto. REUTERS/Nacho Doce
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Segundo nota do governo de Caracas, a chancelaria venezuelana entrou em contato com o Ministério das Relações Exteriores (MRE) depois do incidente. O ministério venezuelano solicitou às autoridades brasileiras as "garantias correspondentes aos nacionais venezuelanos e que tome as medidas de proteção e segurança para suas famílias e bens". O Ministério da Segurança Pública decidiu enviar, na segunda-feira (20), mais 60 soldados para garantir a segurança na fronteira.

O tumulto em Pacaraima começou pela manhã, depois que um comerciante brasileiro foi ferido e seus familiares responsabilizaram venezuelanos pelo roubo. Em retaliação, dezenas de brasileiros atacaram os dois principais acampamentos improvisados dos imigrantes e queimaram seus pertences. Três brasileiros ficaram feridos nos distúrbios. Assustados com a violência, centenas de venezuelanos baterem em retirada e retornaram ao território venezuelano.

A chancelaria da Venezuela também manifestou sua "preocupação com as informações que confirmam ataques a imigrantes venezuelanos, assim como desalojamentos em massa", atos que "violentam normas do direito internacional".

O governo do presidente Nicolás Maduro disse ter ordenado que os funcionários de seu consulado em Boa Vista sigam para Pacaraima para analisar a situação e "velar pela integridade" dos venezuelanos nessa região. Além disso, denunciou que esses episódios são estimulados por uma "perigosa matriz de opinião xenófoba, multiplicada por governos e pela imprensa a serviço do imperialismo".

No primeiro semestre, cerca de 56.740 venezuelanos procuraram legalizar sua situação no Brasil, para obter o direito de refúgio ou residência temporária.

Tensões migratórias se alastram em países da região

As tensões migratórias estão se espalhando em outros países latino-americanos, alimentadas pelas crises na Venezuela, mas também na Nicarágua, onde o presidente Daniel Ortega reprime com mão de ferro opositores que pedem sua renúncia.

No sábado (18), a polícia costarriquenha interveio para dispersar uma manifestação de centenas de pessoas, agitando símbolos nazistas, que tentaram expulsar imigrantes nicaraguenses de um parque da capital. Algumas pessoas sofreram ferimentos leves. A polícia apreendeu 13 armas brancas e oito bombas caseiras de coquetel Molotov em poder dos manifestantes.

O ministro da Comunicação da Costa Rica, Juan Carlos Mendoza, declarou que o grupo neonazista se formou nos últimos dias nas redes sociais e nada tem a ver com a mentalidade costarriquenha. Segundo o ministro, a maioria dos detidos possui antecedentes criminais.

Rejeição empurra imigrantes para países distantes

No Peru e no Equador, os migrantes venezuelanos estão bloqueados na fronteira, onde estão sendo solicitados passaportes ao invés de simples carteiras de identidade. A maioria dos imigrantes não possui o documento de viagem.

Na semana passada, cerca de 20.000 venezuelanos entraram no Peru, segundo as autoridades de Lima, que adotaram medidas de restrição em vigor até 25 de agosto.

As autoridades colombianas temem que os controles de fronteira instituídos no Equador desde o sábado, após a instauração de um estado de emergência migratório, deixem milhares de venezuelanos retidos no país. Cerca de 3.000 pessoas cruzam diariamente a fronteira da Colômbia com o Equador na localidade de Rumichaca.

As Nações Unidas estimam que 2,3 milhões de venezuelanos fugiram de seu país, para escapar da pobreza e à procura de trabalho. Mais de 800.000 venezuelanos se instalaram na Colômbia, onde têm direito temporário de residência. Outros tentar migrar para países mais distantes, como Peru, Chile, Argentina ou Uruguai.

A hiperinflação e o desabastecimento estão fora do controle das autoridades na Venezuela. A chegada nesta segunda-feira '(20) de novas cédulas da moeda local, o bolívar, com cinco zeros a menos, e o novo aumento do salário mínimo levaram os venezuelanos a passar o fim de semana nas filas de supermercados e postos de gasolina.

Na sexta-feira (17), o presidente Nicolás Maduro anunciou a decisão de multiplicar por 34 vezes o valor do salário mínimo, como parte de seu programa de recuperação econômica. Em bolívares, antes do anúncio, o mínimo estava valendo menos de um dólar no câmbio negro. Este reajuste, de quase 3.500%, será o quinto do ano. A inflação anual deve atingir 1.000.000% em 2018, segundo o FMI.

Com informações de agências internacionais

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