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Brasil-Mundo

Programa de rádio que promove a música brasileira em Los Angeles comemora 40 anos

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Em um estúdio de rádio dentro do Consulado Brasileiro em Los Angeles, é possível viajar pela história da música do nosso país. Pelas paredes, cartazes de festivais históricos, recortes de jornais antigos e centenas de fotos dos principais nomes da MPB e Bossa Nova, todas autografadas. Além de caixas e mais caixas de CDs, fitas com entrevistas históricas, discos que não acabam mais. Por trás disso tudo está Sérgio Mielniczenko, um dos grandes embaixadores e conhecedores da música brasileira nos Estados Unidos.

Pelas paredes, cartazes de festivais históricos, recortes de jornais antigos e centenas de fotos dos principais nomes da MPB e Bossa Nova, todas autografadas.
Pelas paredes, cartazes de festivais históricos, recortes de jornais antigos e centenas de fotos dos principais nomes da MPB e Bossa Nova, todas autografadas. C. Klock
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Neste sábado (6), ele promove uma festa para comemorar os 40 anos do programa que produz e apresenta: o Brazilian Hour - o mais antigo show de rádio sobre música brasileira nos Estados Unidos, transmitido para todo o país via satélite (KXLU 88.9 FM). A festa é também uma homenagem aos 60 anos da Bossa Nova, comemorados em 2018.

Sérgio Mielniczenko,promove uma festa para comemorar os 40 anos do programa que produz e apresenta: o Brazilian Hour - o mais antigo show de rádio sobre música brasileira, transmitido para todos os Estados Unidos via satélite.
Sérgio Mielniczenko,promove uma festa para comemorar os 40 anos do programa que produz e apresenta: o Brazilian Hour - o mais antigo show de rádio sobre música brasileira, transmitido para todos os Estados Unidos via satélite. C. Klock

"É uma carreira de muitas felicidades, de muita coisa boa, quando você faz algo que é bom para nossa cultura, nossa identidade, e especialmente no exterior. As pessoas precisam disso. Nós brasileiros precisamos estar em contato com a nossa cultura e aqueles que têm interesse no Brasil, querem aprender, eles querem estar mais próximos", diz Mielniczenko.

A festa vai reunir músicos, brasileiros e americanos, para fazer um show de Zimbo Trio (trio instrumental), gênero que surgiu no Brasil em 1964, e que ainda é pouco conhecido nos Estados Unidos.

Brazilian Hour

No programa Brazilian Hour, além de colocar toda uma coletânea dos mais variados ritmos brasileiros, Sérgio Mielniczenko faz entrevistas com músicos - é difícil achar um com quem ele nunca conversou. Às vezes o apresentador vai até o Brasil para produzí-las e nenhum artista brasileiro que passa pelos Estados Unidos escapa de seu microfone.

"O Caetano eu devo ter entrevistado umas três ou quatro vezes, Gil, Jorge Ben, Djavan, Milton Nascimento, todos eu entrevistei mais de uma vez. Gonzaguinha, no samba, Beth Carvalho, Alcione, Dona Ivone Lara, Ney Matogrosso. Na música instrumental, todo mundo. Gal já foi com o Oscar apresentar ao vivo, Seu Jorge com o Pretinho da Serrinha, Marisa Monte já esteve lá. Acabei de entrevistar Rogê."

E a lista não termina. O programa é distribuído para mais de 40 estações públicas em todos os Estados Unidos, além de embaixadas brasileiras no exterior.

O início

Quando chegou em Los Angeles, no início de 1970, Mielniczenko era apenas um jovem apaixonado por música, que tocava na noite de Hollywood um violão de 12 cordas. Já nas primeiras semanas morando nos Estados Unidos, teve a honra de conhecer, nas mesas de bar, Sérgio Mendes, os pianistas João Donato e Walter Wanderley, Sivuca, Edu Lobo, Chico Batera, Oscar Castro-Neves e tantos outros grandes nomes da Bossa Nova. O apresentador fez faculdade de Rádio e TV na Califórnia e juntou as duas paixões quando começou a trabalhar no Consulado em 1978.

"Para fazer o primeiro programa, via satélite, não poderia ser um programa comum introduzindo o Brazilian Hour. Então eu comecei a pesquisar e descobri o Laurindo Almeida", conta. "Almeida veio para Los Angeles, trabalhou fazendo música para cinema e era o brasileiro mais conhecido por aqui, na época era o que tinha ganho mais Grammys, tanto de música clássica como no Jazz, então ele tinha um público vasto."

Cada conversa com Sérgio é uma aula de história da música brasileira, que ele afirma ser um gênero que teve início já lá na primeira missa no Brasil. E, sem hesitar, garante que é uma das músicas mais bem recebidas no mundo.

"Você não tem um país que a música toque nas rádios comerciais ou em outras rádios como as de jazz, como a música brasileira. Não existe", diz. "A gente tem algo na nossa música e, graças a Deus, a influência afro-brasileira na nossa música. Ela deu uma qualidade à música brasileira que os outros não têm. Se não fosse, por exemplo, os primórdios do samba nossa história da música brasileira, nunca se teria uma Bossa Nova do jeito que é", afirma.

Além do programa, Sérgio promove a música brasileira de diferentes maneiras: organiza shows no Consulado, em bares, auditórios, teatros e museus, através da ONG Brazilian Arts connection. É também professor de música brasileira da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) e tem outro programa de rádio semanal sobre música mundial (Global Village - KPFK 90.7 FM)

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