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Linha Direta

Venezuelanos saem às ruas para atos contra e a favor de Maduro

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Quase dois anos após as manifestações que deixaram mais de cem mortos na Venezuela, a população volta a sair às ruas nesta quarta-feira (23), contra e a favor do governo do presidente Nicolás Maduro. Na madrugada, protestos já foram registrados nas áreas mais pobres de Caracas, nos quais ao menos uma pessoa morreu.

Desde segunda-feira (21), manifestantes voltaram a ocupar as ruas em Caracas.
Desde segunda-feira (21), manifestantes voltaram a ocupar as ruas em Caracas. REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
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Elianah Jorge, correspondente da RFI Brasil em Caracas

Quase dois anos após as manifestações que deixaram mais de cem mortos na Venezuela, a população volta a sair às ruas nesta quarta-feira (23), contra e a favor do governo do presidente Nicolás Maduro. Na madrugada, protestos já foram registrados nas áreas mais pobres de Caracas, nos quais ao menos uma pessoa morreu.

A rebelião de alguns integrantes da Guarda Nacional Bolivariana na última segunda-feira (21) incitou os moradores de áreas carentes da capital venezuelana a sair às ruas contra o governo de Nicolás Maduro na madrugada desta quarta-feira. É neste delicado cenário que os opositores participam da marcha convocada pelo presidente da Assembleia, Juan Guaidó, e os chavistas do protesto convocado em defesa de Maduro e contra a “ingerência estrangeira” na Venezuela.

De acordo com o Observatório Venezuelano de Conflito Social, 63 bairros da capital realizaram manifestações na madrugada desta quarta-feira. Os atos espontâneos ganharam força após a revolta de um dos regimentos da Guarda Nacional Bolivariana, localizado em um bairro pobre da capital.

A situação sócio-econômica do país é complexa e motiva as manifestações, que antes eram isoladas e por motivos pontuais como a falta de fornecimento de água ou de gás, por exemplo. A população tenta sobreviver a uma hiperinflação, que este ano deve chegar a 10 milhões por cento segundo estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI). 

O aumento salarial de 400% anunciado há poucos dias pelo presidente Nicolás Maduro fez com que os preços disparassem ainda mais. Muitos venezuelanos continuam fugindo do país como podem. Quem permanece se pergunta quando a situação irá melhorar. 

Guaidó pode ser preso

A data de 23 de janeiro é celebrada no calendário venezuelano como a queda do ditador Marcos Pérez Jiménez, em 1958. Esse é o motivo da escolha deste dia para realizar a marcha opositora, que sairá de 10 pontos de Caracas. Com o ato de hoje a oposição também busca reconquistar o apoio popular após os protestos de 2017, nos quais morreram mais de cem pessoas e que acabaram fragilizando as forças opositoras. 

No entanto, o líder deste movimento pode ter um destino similar a de seus colegas de partido: ser preso. O Tribunal Supremo de Justiça informou que a Assembleia Nacional desacata o governo e anulou a nomeação de Guaidó como presidente do Poder Legislativo venezuelano. 

Para alguns países e organismos internacionais, Guaidó é o presidente interino da Venezuela, enquanto o governo de Maduro é considerado ilegítimo

Lei visa anistiar militares

A oposição vem anunciando a proposta de lei de anistia aos militares que colaborem para reestabelecer a ordem constitucional no país. Com a medida, não haveria penalizações àqueles que apoiem uma possível transição de poder. 
Nos últimos anos e com a intensificação da crise no país, centenas de militares deixaram seus cargos. A maioria está insatisfeita com a situação do país e com a imagem negativa na sociedade.

Enquanto isso, o governo afirma protestos dos militares podem ser considerados traição à pátria, crime classificado como gravíssimo pelo Alto Comando Militar e pelos chavistas mais radicais. 

A Conferência Episcopal Venezuelana pediu às Forças Armadas Nacionais Bolivarianas que respeitem a Constituição e as leis, e também autorizou os sacerdotes a participar da marcha desta quarta-feira. 

Apoio a Maduro

Os chavistas foram convocados para participar de uma marcha que sairá de três pontos de Caracas com o objetivo de defender o país de uma “ingerência estrangeira”, depois das intensas advertências que diversos países, entre eles o Brasil, fizeram ao governo de Nicolás Maduro após ele assumir seu segundo mandato. 

O chavismo conta com o apoio dos paramilitares armados que defendem uma revolução. As duas marchas não correm o risco de se encontrar, mas os moradores de Caracas estão preocupados com o que pode acontecer ao longo do dia. 

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