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Colômbia liberta ex-guerrilheiro das Farc que EUA pretendem julgar por tráfico de drogas

Jesus Santrich, ex-comandante da guerrilha Farc, foi libertado na quinta-feira (30) após decisão da Corte Suprema da Colômbia. Os Estados Unidos fazem pressão pois pretendem julgar o ex-combatente por tráfico de drogas.

Jesus Santrich, ex-líder guerrilheiro das Farc durante uma coletiva de imprensa na sede de seu partido em Bogotá, na Colômbia, em 30 de maio de 2019.
Jesus Santrich, ex-líder guerrilheiro das Farc durante uma coletiva de imprensa na sede de seu partido em Bogotá, na Colômbia, em 30 de maio de 2019. REUTERS/Andres Torres
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Santrich foi preso em abril de 2018 em Bogotá em função de um pedido de extradição feito por Washington. Ele deixou a sede da Promotoria sob forte esquema de segurança e se dirigiu à sede da Farc (Força alternativa revolucionária comum), partido formado pela ex-guerrilha depois do acordo de paz firmado em 2016.

Durante uma coletiva de imprensa, Santrich se defendeu das acusações feitas pelos Estados Unidos: "há mais possibilidade que cocaína tenha passado pelas narinas dos que desconfiam de mim do que pelas minhas mãos". 

A Corte Suprema da Colômbia determinou na quarta-feira a "libertação imediata" do ex-guerrilheiro e informou que não cabe mais recurso à decisão. A última instância judicial do país afirmou ser competente para analisar o caso envolvendo o parlamentar. Jesus Santrich é deputado da Farc, mas não pode assumir o cargo por estar preso.

Em uma carta enviada à Corte Suprema, o ex-líder guerrilheiro, que integrou a equipe de negociadores do acordo de paz, disse estar à disposição da justiça. "Minha primeira mensagem é de que é possível desmantelar a montagem jurídica que foi feita pelo gabinete do procurador do país e pelo DEA", disse, em referência ao departamento anti-drogas dos Estados Unidos.

"Acho que as altas instâncias jurídicas adotam uma atitude de soberania e de patriotismo. É possível colaborar para avançar a paz, eis o compromisso de nosso partido e meu engajamento pessoal com a Colômbia", declarou à imprensa.

Santrich, de 52 anos, reforçou seu compromisso com a Jurisdição Especial para a Paz (JEP), um órgão criado pelo acordo de novembro de 2016 para julgar os crimes mais graves cometidos durante os mais de 50 anos de confronto entre a guerrilha das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e o exército colombiano.

Reação

O governo americano qualificou, em um primeiro momento, de "lamentável" a  decisão da  Corte Suprema, justificando que as acusações contra o ex-comandante guerrilheiro "são muito graves", de acordo com o porta-voz do Departamento de Estado, Morgan Ortagus.

Em entrevista coletiva, em um segundo momento, Ortagus esclareceu que a declaração fazia referência à decisão da JEP de 15 de maio que se opôs à extradição de Santrich. A Jurisdição considerou que as provas enviadas pela Promotoria não permitiam estabelecer o envolvimento do ex-guerrilheiro com o suposto delito, e que os Estados Unidos não haviam produzido as provas necessárias para justificar o pedido de extradição.

Jesus Santrich foi preso por sua suposta participação no envio de várias toneladas de cocaína para os Estados Unidos, após a assinatura dos acordos de paz. Sob pressão do governo americano, o presidente conservador da Colômbia, Ivan Duque, se opunha à libertação de Santrich e reiterou sua disposição em extraditar o ex-guerrilheiro, além de criticar as decisões da justiça colombiana.

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