Trump culpa a mídia e quer controle na venda de armas de fogo após ataques nos EUA
Donald Trump convocou nesta segunda-feira (5) parlamentares republicanos e democratas a aprovarem uma lei para endurecer o controle de antecedentes de cidadãos que desejam adquirir armas de fogo nos Estados Unidos. O presidente norte-americano acusou a imprensa de contribuir com o discurso de ódio no país, ao propagar fake news. O comentário do chefe de Estado foi feito um dia depois do fim de semana, com dois atentados que deixaram 29 mortos.
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Reagindo aos dois novos massacres que atingiram os Estados Unidos neste fim de semana, em El Paso, Texas (20 mortos), e Dayton, Ohio (nove mortos), o presidente dos EUA afirmou que as vítimas não serão esquecidas.
"A cobertura dos fatos deve ser igualitária, feita com nuances e imparcialidade, do contrário, esses terríveis problemas vão só piorar", disse Trump. O presidente dos Estados Unidos também pediu que os parlamentares republicanos e democratas adotem uma lei para reforçar as verificações de antecedentes criminais de quem adquire armas de fogo. Ele também ressaltou que é importante que essas vítimas não tenham sido mortas em "vão".
"Nós nunca as esqueceremos, nem aquelas que as precederam ", escreveu Trump no Twitter. "Republicanos e democratas devem se unir para garantir um controle maior dos antecedentes (dos compradores de armas de fogo), talvez casando esta lei com a reforma desesperadamente necessária para a imigração", acrescentou. "Algo bom, se não grande, precisa emergir destes dois eventos trágicos”, concluiu Trump.
Cultura de armas nos EUA dificulta controle
No entanto, para o especialista francês Didier Combeau, autor do livro Polícias Americanas (Gallimard, 2018), será difícil aprovar uma lei para reduzir a posse de armas de fogo no país. “Toda vez que acontece um tiroteio vemos uma grande comoção. Vimos isso em Parkland e também há vinte anos na escola Columbine”, lembra o especialista.
“Mas essa emoção não consegue ser refletida em textos legislativos por razões culturais e institucionais”, avalia Combeau. “A razão cultural é que os norte-americanos são apegados a suas armas, para sua autodefesa. E também porque, politicamente, é importante ter a possibilidade de usar armas se o governo se tornar tirânico. Muitos estados rurais do centro-oeste dos Estados Unidos acreditam que se o governo tomar suas armas, significa que ele toma sua autonomia e se torna tirânico”, diz o expert.
“A razão institucional é porque as armas apresentam perigos diferentes em estados rurais e urbanos. Os EUA têm uma constituição federal que valoriza os estados, portanto é muito difícil adotar uma lei de controle num nível federal”, analisa o especialista.
Trump não respondeu as acusações daqueles que acreditam que seu discurso sobre a imigração alimenta um clima de tensão nos Estados Unidos, o suposto assassino de El Paso, que coopera com investigadores, emitiu um manifesto em que descreveu seu ato como uma resposta à "invasão hispânica no Texas", e seu ataque é tratado como um ato de “terrorismo interno”.
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