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Presidente peruano reforça popularidade após dissolver Parlamento

Uma confusão política tomou nesta semana o Peru, onde o presidente Martín Vizcarra dissolveu o Parlamento do país, dominado pela oposição fujimorista. Mesmo tendo sua suspensão aprovada por parlamentares, o chefe de Estado reforçou sua popularidade e é apoiado pelas Forças Armadas peruanas.

O presidente peruano, Martín Vizcarra, durante pronunciamento à nação, em 30 de setembro de 2019.
O presidente peruano, Martín Vizcarra, durante pronunciamento à nação, em 30 de setembro de 2019. Reuters
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Com informações de Carlos Noriega e Wyloën Munhoz-Boillot, correspondentes da RFI em Lima

Os peruanos amanheceram com dois presidentes: Martín Vizcarra, neoliberal no poder desde março de 2018, e sua vice Mercedes Aráoz. Depois de o chefe de Estado ter dissolvido o Parlamento, os congressistas o suspenderam por um ano, transferindo a presidência interina a Aráoz que, na prática, não tem poder para governar.

Para dissolver o Parlamento, Vizcarra invocou normas constitucionais, após o Legislativo ter eleito um juiz estratégico, que a atuaria contra o presidente. Em discurso na televisão, o líder também convocou eleições legislativas antecipadas para o próximo 26 de janeiro.

No Peru, a constituição permite que o chefe de Estado dissolva o Parlamento se este o nega o voto de confiança. Entretanto, o veto não aconteceu formalmente e os parlamentares denunciam a decisão de Vizcarra como ilegítima.

Uma dissolução do Congresso não acontecia no Peru desde abril de 1992, quando o presidente Alberto Fujimori (1990-2000) assumiu plenos poderes com apoio dos militares.

Apoio das Forças Armadas e do povo

Após o anúncio do presidente, a população saiu em massa às ruas para apoiar Vizcarra. As Forças Armadas e a polícia também declararam que estão a seu lado, bem como dez governadores regionais. Ninguém foi às ruas apoiar o Congresso, que enfrenta uma rejeição de quase 90% da população, segundo pesquisas.

"Estamos contentes porque finalmente poderemos voltar a ser uma democracia sem corrupção", afirmou a manifestante María Elena à RFI. Esse é o principal desejo dos peruanos, mobilizados há várias semanas contra os deputados fujimoristas. "Esse dia é para ser celebrado. Em 1995, o presidente Alberto Fujimori foi reeleito de maneira fraudulenta. Graças a Deus, Martín Vizcarra dissolveu esse Congresso dominado por esses miseráveis", reitera.

Os chefes parlamentares haviam convocado uma sessão plenária para a madrugada desta terça, mas a reunião foi suspensa no último minuto, sem explicações.

Até as novas eleições, em janeiro, está ativa a Comissão Permanente do Congresso, com 18 membros e formada em sua maioria por parlamentares da oposição. O mandato dos novos legisladores termina em julho de 2021, junto com o de Vizcarra.

Cruzada contra a corrupção

A crise política começou a ser gestada há três anos no Peru, quando o banqueiro Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018) derrotou, com uma margem estreita, a populista de direita Keiko Fujimori. Atualmente ela se encontra em prisão preventiva, acusada de envolvimento no escândalo da empreiteira brasileira Odebrecht.

Embora tenha perdido a presidência, o partido da primogênita de Alberto Fujimori ganhou uma esmagadora maioria no Congresso. Com isso, manteve a pressão sobre Kuczynski até forçá-lo a renunciar em março de 2018. Este foi substituído por Vizcarra, que era seu primeiro-vice-presidente. Mercedes Aráoz era a segunda. Ao contrário de seu antecessor, Vizcarra enfrentou energicamente o Congresso.

O presidente conquistou forte popularidade entre os peruanos ao promover uma cruzada contra a corrupção no país. Seus quatro antecessores perderam o apoio da opinião pública, todos suspeitos de receberem propina da Odebrecht.

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