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Uruguai

Favoritos à presidência do Uruguai têm visões diferentes do país

Os uruguaios começaram a votar neste domingo (27) nas eleições gerais que vão definir, entre outros mandatos, o sucessor de Tabaré Vasquez na presidência. A eleição pode ir ao segundo turno. A população também vai se manifestar sobre uma reforma na área de segurança que promove a criação de uma guarda nacional militarizada.

Seção eleitoral em El Cerro, na capital Montevidéu.
Seção eleitoral em El Cerro, na capital Montevidéu. REUTERS/Mariana Greif
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As seções eleitorais abriram às 8h locais para receber os 2,6 milhões de cidadãos habilitados a votar. Os favoritos à presidência são o candidato governista e ex-prefeito de Montevidéu Daniel Martínez, com 40% das intenções de voto, e o ex-senador de centro-direita Luis Lacalle Pou, com 28%, do Partido Nacional. Caso nenhum dos dois alcance a metade mais um dos votos válidos, haverá segundo turno.

O presidente Tabaré Vázquez (Frente Ampla), que encerra seu mandato em 1° de março, disse neste domingo (27) que "os uruguaios têm grande adesão ao sistema democrático" e mencionou seu estado de saúde – ele foi recentemente diagnosticado com um câncer de pulmão. "Tenho a esperança e o desejo de colocar a faixa presidencial no próximo presidente", afirmou Vázquez à imprensa quando deixava sua casa, segundo publicou o jornal El Observador.

Dois projetos de país

O ex-prefeito Martínez, engenheiro de 62 anos, propõe a continuidade das políticas de seu partido, que governa o Uruguai desde 2005 e busca um quarto mandato presidencial. Já o adversário Lacalle Pou, advogado de 46 anos, defende mudanças na gestão dos gastos públicos, no comércio e na política externa.

Durante a campanha, o candidato da oposição criticou duramente o persistente déficit fiscal no Uruguai, que subiu para 4,8% do PIB durante os governos da Frente Ampla. Lacalle Pou propôs uma série de medidas para reduzir as despesas do Estado, mas sem aumentar impostos, após vários ajustes fiscais baseados em aumentos de impostos e reajustes nas taxas do serviço público.

O candidato do governo não descarta nenhuma ferramenta para corrigir os problemas de caixa do Uruguai, que tem grande acesso aos mercados de títulos da dívida e financia o desequilíbrio das contas com esse mecanismo.

Na política externa, os dois concorrentes divergem em relação à Venezuela. Lacalle Pou descreveu a política uruguaia de proximidade com a Venezuela como uma "vergonha nacional". Martinez defende a manutenção da linha adotada até agora pela Frente Ampla, que evita condenar o regime de Nicolás Maduro em fóruns internacionais. Ele tem um relacionamento muito próximo com o chavismo.

Segundo analistas, Martínez representa uma abertura em assuntos comerciais, mas tem medo de assinar qualquer tipo de acordo de livre comércio, principalmente se não houver salvaguardas para o desenvolvimento local de tecnologia e compras públicas.

Lacalle Pou indicou, por outro lado, que ele buscará uma diplomacia comercial para abrir mercados e atrair investimentos estrangeiros que permitam aliviar o desemprego de 9%, após as dificuldades encontradas por Tabaré Vázquez. Apesar dessa situação, o Uruguai conseguiu assinar um acordo de livre comércio com a União Europeia em junho, juntamente com os demais parceiros do Mercosul, após 20 anos de negociações.

Segundo turno exigirá alianças

 

Diferentemente da Frente Ampla, que não tem alianças claras para atingir a maioria no segundo turno em novembro, Lacalle Pou buscará apoios na oposição, composta principalmente pelo liberal Partido Colorado (13%), do economista Ernesto Talvi, e pelo direitista e estreante Cabildo Aberto (11%), apoiado pelo ex-comandante-chefe do Exército Guido Manini Ríos.

A Frente Ampla governa há 14 anos sem precisar de alianças no Congresso, pois conquistou a maioria absoluta do Parlamento nesse período. O segundo turno está completamente em aberto e haverá disputa, consideram especialistas.

Os eleitores uruguaios renovarão as 99 cadeiras da Câmara dos Deputados e os 30 assentos do Senado.

* Com informações da AFP

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