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EUA pedem ao México combate a cartéis após massacre de mórmons

O presidente mexicano, Andrés Manuel Lopez Obrador, anunciou nesta terça-feira (5) que pretende conversar com o presidente americano, Donald Trump, a respeito da chacina na comunidade mórmon no México. Nove pessoas de uma comunidade americana instalada no norte do país há mais de um século foram assassinadas na segunda-feira (4) por um grupo de homens armados.

Destroços queimados de veículo que transportava uma família mórmon perto da fronteira com os EUA.
Destroços queimados de veículo que transportava uma família mórmon perto da fronteira com os EUA. KENNETH MILLER/LAFE LANGFORD JR/via REUTERS
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"Toda a cooperação é necessária: é isso que vou dizer ao presidente Trump, e ver no que eles podem ajudar, mas cuidando da nossa soberania, assim como eles e todos os países fazem", declarou López Obrador, em uma entrevista coletiva.

As autoridades mexicanas confirmaram nesta terça-feira a morte de três mulheres e seis crianças de uma comunidade mórmon dos EUA no México em uma emboscada, provavelmente vítimas de gangues criminosas na região.

Donald Trump pediu às autoridades mexicanas que iniciem uma "guerra aos cartéis de drogas", depois do ataque que matou os mórmons, todos membros da mesma família.

“Se o México precisar ou pedir ajuda para se livrar desses monstros, os Estados Unidos estão prontos, dispostos e capazes de se envolverem para fazer o trabalho de maneira limpa e eficaz", afirmou Trump no Twitter.

"É a hora do México, com a ajuda dos Estados Unidos, iniciarem a guerra contra os cartéis de drogas e apagá-los da face da Terra. Estamos aguardando a chamada do novo presidente", acrescentou Trump.

Zona de guerra

Após a chacina, Julián Lebarón, líder mórmon e ativista, denunciou que criminosos que agem na região de Rancho de la Mora, na divisa entre os estados de Sonora e Chihuahua, na fronteira com os Estados Unidos, foram os autores da morte de sua prima e da família dela.

"Minha prima Rhonita seguia com seu marido para o aeroporto de Phoenix (EUA) quando caiu na emboscada. Atiraram e queimaram sua camionete com ela e seus quatro filhos (...). Foi um massacre", disse Lebarón à Rádio Fórmula.

O ativista revelou que seus familiares encontraram o veículo queimado e com os corpos da mulher e das quatro crianças dentro.

Perguntado sobre quem poderia ter cometido o crime, Lebarón disse que "aqui é uma zona de guerra", onde agem os cartéis das drogas e todo tipo de "matador".

Segundo Lebarón, os criminosos apreenderam duas camionetes dirigidas por mulheres, que transportavam oito ou nove menores de idade.

Algumas horas depois, os dois veículos foram localizados com as duas mulheres que os conduziam mortas a tiros, assim como um menino e uma menina, também mortos. Entre cinco e seis crianças conseguiram fugir, uma delas com um ferimento à bala.

Durante a noite, a comunidade mórmon, policiais e militares procuravam outra criança que estaria escondida em um bosque. Segundo a imprensa mexicana, a maioria dos desaparecidos tem dupla nacionalidade, mexicana e americana.

Perseguição aos mórmons

Lebarón faz parte de uma comunidade de mórmons que se transferiu para o México no final do século XIX, em meio à perseguição nos Estados Unidos por suas tradições, em especial a poligamia.

Com o aumento da violência ligada ao narcotráfico, estas comunidades se viram afetadas. Benjamín Lebarón, irmão de Julián, tornou-se um ativista, ao criar a organização SOS Chihuahua, que denunciava grupos criminosos.

Benjamín foi assassinado por homens armados junto com seu cunhado, em julho de 2009, após liderar manifestações contra o sequestro de seu irmão de 16 anos. Os mórmons se negaram a pagar o resgate e o jovem Lebarón foi, enfim, libertado.

Em meio à violência ligada ao narcotráfico, mais de 250 mil pessoas morreram no México desde dezembro de 2006, quando o governo lançou uma polêmica operação antidrogas. Deste total, os dados oficiais não especificam quantos casos estariam relacionados à criminalidade.

(Com informações da AFP)

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