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Covid-19: Chile começa campanha de vacinação especial a moradores de rua de todo o país

Operação especial vai buscar cerca de 16.400 moradores de rua, mendigos e indigentes, considerados um grupo de risco social. O Chile é um dos países mais desiguais da região mais desigual do mundo.

O Chile entra nesta semana em uma nova fase de vacinação para abranger moradores de rua.
O Chile entra nesta semana em uma nova fase de vacinação para abranger moradores de rua. Martin BERNETTI AFP
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Márcio Resende, correspondente da RFI em Buenos Aires.

A partir desta semana, esquadrilhas especiais do Ministério da Saúde e do Ministério de Desenvolvimento Social vão sair à procura de 16.400 moradores de rua, especialmente vulneráveis ao contágio de covid-19.

Segundo o calendário de Saúde, muitos já deviam ter sido vacinados, devido à idade ou a alguma doença pré-existente, mas a falta de acesso à informação e até de confiança fazem deixam esse segmento social à margem de uma das campanhas mais eficazes do mundo.

"Temos avançado rapidamente no processo de vacinação. Os chilenos têm ido em massa a vacinar-se diariamente. Porém, há um segmento que precisamos ir buscar: são os moradores de rua. Estão mais expostos à doença e são mais vulneráveis a efeitos graves", explicou aos jornalistas a subsecretária de Saúde Pública, Paula Daza, no lançamento da campanha no albergue Villavicencio em Santiago.

A campanha especial para moradores de rua terá dois pilares: postos de vacinação instalados nos albergues e dormitórios para moradores de rua e esquadrilhas da Saúde que vão em busca dessa população para levá-los até os postos.

A expectativa das autoridades chilenas é que, ao sentirem-se seguros com o processo, os próprios moradores passem a informação uns aos outros numa rede virtuosa de imunização.

Nesta segunda-feira (22), no albergue Villavicencio, 800 pessoas foram vacinadas. A expectativa é que outras mil possam ser vacinadas nesta semana e que todos os moradores de rua do país estejam vacinados antes da chegada do rígido inverno chileno.

"Muitas vezes, por diversas razões, essa população não têm acesso à informação. Estamos levando a vacinação, mas também elementos de proteção pessoal. Essa é também uma forma de criar um vínculo de confiança para que aceitem vir a um posto de vacinação", conta Sebastián Villarreal, subsecretário de Serviços Sociais, outro responsável pelo lançamento da campanha.

Campanha de sucesso

O Registro Social de Lares do Chile calcula que 16.400 pessoas estejam nas ruas de todo o país, sobretudo da região metropolitana de Santiago, onde vivem 7 dos 19 milhões de habitantes. O cálculo surge a partir do cruzamento de cadastros em programas sociais do Estado e de organizações não-governamentais.

Em proporção à sua população, o Chile é um dos países que mais vacinou no mundo, atrás de Israel e Emirados Árabes Unidos. Até agora, 5,650 milhões de chilenos, equivalentes a 29,3% da população total, já receberam pelo menos uma dose.

Todos os grupos de risco já foram vacinados, mas os moradores de rua ficaram à margem do processo, algo que o país pretende corrigir.

Desde o dia 8 de março, o Chile passou a ser um dos países que mais vacinas aplica diariamente. São 1,39 dose a cada 100 habitantes. Israel aplica 1,09. O Brasil, 0,14.

Mais confinamento

Porém, paralelamente, enquanto o país não atinge a chamada imunidade de rebanho com 80% da população vacinada até junho, a maioria dos chilenos está sob confinamento.

As medidas de restrições ficarão ainda mais duras a partir da próxima quinta-feira (25) quando cerca de 74% da população entrará em quarentena total. O novo regime inclui 42 cidades. Nos finais de semana, o confinamento sobe a mais de 90% da população, uma situação ainda mais rígida do que a do ano passado.

Em 14 de junho, no pico da primeira onda, o Chile registrou 6.938 casos. Esse recorde foi batido no último final de semana, elevando a ocupação dos leitos críticos a 95% e deixando o país à beira do colapso sanitário. Os casos ativos superam os 38 mil.

No total, o Chile registra 938.094 contágios, dos quais 22.359 resultaram em falecidos.

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