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Canadá anuncia ajuda milionária a comunidades indígenas após escândalo de mortes em internatos

Após anos de lágrimas e dor, o governo do Canadá tenta consertar os erros do passado indenizando indígenas vítimas de internatos católicos que funcionaram no país durante um século. As autoridades anunciaram nesta quarta-feira (11) um auxílio de cerca de € 220 milhões para ajudar as comunidades a encontrar túmulos não identificados de crianças indígenas que morreram nessas aéreas, mas também para apoiar os sobreviventes.

Uma equipe de investigação trabalha no terreno onde foram descobertas 751 tumbas de crianças indígenas perto do pensionato de Marieval, na província de Sashkatchewan no Canadá.
Uma equipe de investigação trabalha no terreno onde foram descobertas 751 tumbas de crianças indígenas perto do pensionato de Marieval, na província de Sashkatchewan no Canadá. via REUTERS - FSIN
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Pascale Guéricolas, correspondente da RFI no Quebec

Os valores anunciados pelo governo canadense irão financiar, especialmente, pesquisas para encontrar os túmulos onde podem estar enterrados milhares de estudantes que morreram em internatos religiosos ao longo do século XX. A demolição desses edifícios, que ainda traumatizam os sobreviventes, também está nos planos do governo.

Os sobreviventes dessas escolas ainda terão acesso a ajuda psicológica. RoseAnn Archibald, que dirige a Assembleia das Primeiras Nações do Canadá, considera que governos e a igreja cometeram genocídio contra os povos indígenas. “É um passo necessário para finalmente reconhecer o impacto devastador que essas instituições tiveram e continuam a ter, ainda hoje, em tantas gerações em nossas comunidades. É hora de apontar os responsáveis e agir para começar a cura”, disse ela.

Lacunas legais

O ministro da Justiça canadense, David Lametti, nomeou um interlocutor especial que ficará responsável por entender melhor as necessidades legais das comunidades indígenas. “Ele vai identificar as lacunas jurídicas e determinar se podemos melhorar o sistema. Se tivermos que mudar as leis, seja o código penal ou a lei dos crimes contra a humanidade, ele será alguém que vai nos ajudar a identificar isso”, afirmou o ministro.

Um dos líderes da oposição do Novo Partido Democrático havia sugerido, no entanto, um inquérito judicial para identificar os responsáveis ​​pelas mortes de jovens indígenas.

Nos últimos meses, a descoberta de cemitérios antigos trouxe de volta lembranças dolorosas aos povos indígenas do Canadá. Porém, essa tem sido, também, uma oportunidade para o resto da população canadense tomar consciência de uma realidade há muito tempo escondida dos livros de história e da memória coletiva.

Cerca de 150 mil crianças nativas, mestiças ou inuítes foram recrutadas à força, até a década de 1990, em 139 desses internatos em todo país. Neles, foram isoladas de suas famílias, idioma e cultura.

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