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Governo colombiano fecha acordo com guerrilha para volta de indígenas deslocados por conflito armado

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, anunciou um acordo com a guerrilha do Exército de Libertação Nacional (ELN) para permitir o retorno seguro de um povo indígena deslocado do oeste do país, o primeiro desde a retomada das negociações de paz.

O presidente colombiano, Gustavo Petro, em Medellin, 30/11/22.
O presidente colombiano, Gustavo Petro, em Medellin, 30/11/22. AFP - HANDOUT
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"O primeiro ponto do acordo que chegamos com o ELN, em apenas uma semana, é que seja permitido o retorno das populações deslocadas por essa organização dos territórios indígenas Emberá às suas reservas", disse o presidente durante um ato público no município de Dabeiba (noroeste), no sábado (3).

O presidente não deu data para o retorno dessa comunidade, que fugiu de seus abrigos nos departamentos de Chocó (noroeste) e Risaralda (centro-oeste), atingidos por uma guerra que envolve narcotraficantes, paramilitares e rebeldes do ELN, a última guerrilha reconhecida na Colômbia.

As negociações com a insurgência, interrompidas em 2019 pelo governo anterior em resposta a um atentado que deixou mais de 20 mortos, foram retomadas por Petro, o primeiro presidente de esquerda da história do país, que assumiu o cargo em agosto.

Delegados do governo e do grupo guerrilheiro fundado em 1964 por sindicalistas e estudantes simpatizantes de Ernesto "Che" Guevara sentaram-se à mesa de negociação em 21 de novembro, na Venezuela.

O primeiro acordo pode beneficiar uma comunidade que organizou ocupações massivas em vários parques de Bogotá desde o final de 2020, levando a fortes confrontos com as forças públicas.  

Sem cessar-fogo

O governo e o ELN estão conversando sem ter chegado a um cessar-fogo entre as forças públicas e os 2.500 guerrilheiros, segundo o centro de estudos Indepaz.

No entanto, há o compromisso para avançar "processos de socorro humanitário", como parte da agenda de negociações acertada em março de 2016 com o governo de Juan Manuel Santos (2010-2018), que assinou um acordo de paz com os guerrilheiros naquele ano. As FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) foram desmobilizadas e convertidas em partido político.

Apesar do pacto de paz, grupos armados continuam disputando os lucros do narcotráfico e do garimpo ilegal no país, que é o maior produtor de cocaína no mundo. Os delegados do ELN até agora não se pronunciaram sobre o primeiro ponto acordado.

"Somente as mudanças na realidade do país nos levarão à paz. Por isso, com a participação da sociedade, esperamos que os governos se comprometam a realizar transformações", escreveu o comandante da insurgência, Antonio García, pelo Twitter neste sábado.

Em quase seis décadas, o conflito armado deixou mais de 9 milhões de vítimas, a maioria deslocadas.

(AFP e RFI)

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