Acessar o conteúdo principal

EUA acusam China de mentir sobre balões para "limitar danos"

A Casa Branca negou nesta segunda-feira (13) as acusações de Pequim de que os Estados Unidos enviam balões para sobrevoar a China com objetivos de vigilância, em um momento de grande tensão entre as duas superpotências. A administração dos EUA acusa frequentemente a China de espionar seu território ou o de seus aliados usando diferentes estratégias. 

Militares americanos recolhem destroços do primeiro balão abatido no mar, perto da costa da Carolina do Sul.
Militares americanos recolhem destroços do primeiro balão abatido no mar, perto da costa da Carolina do Sul. © AFP/US NAVY
Publicidade

"Qualquer afirmação de que o governo dos Estados Unidos opera balões de vigilância sobre a República Popular da China é falsa", afirmou no Twitter a porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Adrienne Watson. "A China é que tem um programa de balões de vigilância de grande altitude para coleta de inteligência, que tem utilizado para violar a soberania dos Estados Unidos e de mais de 40 países nos cinco continentes", acrescentou.

A França não confirma, até o momento, ter detectado sobrevoos suspeitos em seu espaço aéreo. Mas o governo francês pediu ao chefe do Estado-Maior da Aeronáutica que apresente um relatório sobre essa questão. 

Nesta segunda-feira, Pequim afirmou que "balões americanos" entraram no espaço aéreo chinês "mais de 10 vezes sem qualquer autorização" desde o início do ano passado.

Um porta-voz do Departamento de Estado americano também rebateu as acusações e afirmou que o governo chinês "tenta limitar os danos". A China "afirmou repetida e incorretamente que o balão espião enviado aos Estados Unidos era um dispositivo meteorológico e não apresentou qualquer explicação confiável para a invasão do nosso espaço aéreo e de outros países", disse.

O voo de um balão chinês – considerado por Washington um dispositivo de "espionagem" – sobre o território americano há pouco mais de uma semana esfriou as relações entre as duas potências a tal ponto que o secretário de Estado americano, Antony Blinken, adiou uma visita prevista à China.

Desde o primeiro incidente, outros objetos voadores não identificados foram observados sobre o Canadá e os Estados Unidos. Três deles foram derrubados.

Com base na análise dos destroços do primeiro balão recolhidos no mar, Washington afirma que, ao contrário do que as autoridades chinesas vêm dizendo desde o início da crise, o balão não era um simples equipamento civil de monitoramento climático que desviou de sua trajetória, mas um objeto equipado com ferramentas altamente sofisticadas para coleta de informações sobre alvos terrestres, principalmente militares. Segundo as autoridades americanas, o balão tinha meios para capturar informações sensíveis de origem eletromagnética, ou seja, detectar a presença de radares e sinais de telecomunicações.

Batalha de comunicação

Durante o fim de semana, a imprensa estatal chinesa informou que um objeto voador não identificado foi observado na costa leste do país e que o Exército se preparava para derrubar o dispositivo.

Pequim se negou a comentar a informação e limitou a pedir que os jornalistas procurassem o Ministério da Defesa, que não respondeu aos pedidos de comentários da agência AFP. Mas o governo chinês acusou Washington de enviar mais de 10 balões a seu espaço aéreo desde janeiro de 2022. "Não é raro que os Estados Unidos entrem ilegalmente no espaço aéreo de outros países", afirmou o porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Wang Wenbin.

Questionado sobre como a China respondeu às supostas incursões, Wang respondeu que a "gestão (dos incidentes) por parte de Pequim foi responsável e profissional". "Se querem saber mais sobre balões de grande altitude americanos que entram ilegalmente no espaço aéreo da China, eu sugiro que procurem a parte americana", acrescentou. O Pentágono negou a acusação de Pequim.

"Precaução"

O governo dos Estados Unidos reforçou a vigilância do espaço aéreo, ao mesmo tempo que aumenta o número de incursões aéreas, das quais a China nega ter conhecimento.

No domingo, o Pentágono afirmou que ainda não tinha detalhes sobre os outros três objetos que foram derrubados: um na sexta-feira sobre o Alasca, outro no sábado sobre o território canadense de Yukon e o mais recente no domingo sobre o lago Huron.

As autoridades informaram que o objeto abatido no domingo havia sido rastreado durante quase um dia e não se parecia com o suposto balão de vigilância chinês que foi destruído na costa do Atlântico em 4 de fevereiro, depois de atravessar o país.

O presidente Joe Biden ordenou que um caça F-16 derrubasse o dispositivo por "precaução", informou uma fonte do governo. 

O objeto foi descrito como uma estrutura octogonal com cordas penduradas. O dispositivo permaneceu à deriva quase 6.000 metros sobre o estado do Michigan e poderia representar um perigo para a aviação civil, segundo a fonte.

O general Glen VanHerck, chefe do Comando Norte dos Estados Unidos, disse que depois de enviar aviões para inspecionar o objeto mais recente, as Forças Armadas concluíram que não havia indícios de qualquer ameaça, assim como nos objetos anteriores.

"O que estamos vendo são objetos muito, muito pequenos que produzem uma seção transversal de radar muito, muito baixa", disse. Sem descrever a forma ou o tamanho dos objetos, ele disse que eles se deslocavam muito lentamente, na velocidade do vento.

As especulações sobre sua natureza dos objetos dispararam nos últimos dias. "Vou deixar que a comunidade de inteligência e a comunidade de contrainteligência averiguem", disse VanHerck.

(RFI com AFP)

 

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.