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Brasil e EUA manifestam “preocupação” com processo eleitoral na Venezuela

O Brasil e os Estados Unidos manifestaram nesta terça-feira (26) preocupação com o processo eleitoral na Venezuela, após a coligação da oposição ter sido impedida de registar seu candidato. Manuel Rosales, governador do estado petrolífero de Zulia e candidato à presidência em 2006, conseguiu formalizar sua candidatura no Conselho Nacional Eleitoral (CNE) no último minuto, sem aprovação da líder da oposição Maria Corina Machado.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro (C), deixa a sede do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) com a primeira-dama Cilia Flores (D) após formalizar sua candidatura perante a autoridade eleitoral venezuelana em Caracas, em 25 de março de 2024.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro (C), deixa a sede do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) com a primeira-dama Cilia Flores (D) após formalizar sua candidatura perante a autoridade eleitoral venezuelana em Caracas, em 25 de março de 2024. AFP - FEDERICO PARRA
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“O governo brasileiro acompanha o desenvolvimento do processo eleitoral com expectativa e preocupação”, afirmou em comunicado o Ministério das Relações Exteriores. O presidente Lula, até agora, se manteve afastado de críticas contra a maneira que se organizam as eleições presidenciais na Venezuela.

O período de registo de candidatos às eleições de 28 de julho terminou à meia-noite de segunda-feira (25), sem que a Plataforma Democrática Unitária (PUD), principal força de oposição ao presidente Nicolás Maduro, conseguisse registar seu candidato.

A oposição procurou inscrever Corina Yoris, uma acadêmica de 80 anos indicada por María Corina Machado para representá-la nas eleições. Machado venceu com folga as primárias do PUD no ano passado, mas está inelegível por 15 anos e não poderá concorrer.

Washington, por sua vez, também manifestou apreensão sobre o processo eleitoral. A Casa Branca está “muito preocupada” com a decisão da Venezuela de “impedir o registo da candidatura” da representante da oposição Corina Yoris, disse nesta terça-feira (26) sua porta-voz, Karine Jean-Pierre.

“É muito importante que o regime (do presidente) Nicolás Maduro reconheça e respeite o direito de todos os candidatos se apresentarem” durante as eleições presidenciais de julho, acrescentou.

Cenário positivo para Maduro

A já frágil união da oposição venezuelana levou um duro golpe nesta terça-feira, após a aprovação pelo CNE da candidatura de Manuel Rosales, ex-rival de Hugo Chávez, que não conta com o apoio expresso de Maria Corina Machado. Uma divisão na oposição é um cenário positivo para Maduro, que aspira a um terceiro mandato de seis anos, mas tem baixíssimos índices de popularidade.

Rosales, governador do estado petrolífero de Zulia e candidato à presidência em 2006, formalizou sua candidatura no CNE no último minuto.

“Tinha que tomar uma decisão que era abrir espaço aos venezuelanos para que votem ou ir em direção à abstenção e que Maduro fique seis anos mais no cargo, sem fazer nada”, disse Rosales em uma coletiva de imprensa.

O candidato da oposição, Manuel Rosales, fala durante uma coletiva de imprensa em Caracas, em 26 de março de 2024.
O candidato da oposição, Manuel Rosales, fala durante uma coletiva de imprensa em Caracas, em 26 de março de 2024. AFP - FEDERICO PARRA

Já Maria Corina Machado acusou, em coletiva nesta terça-feira, Nicolás Maduro de “escolher” seus rivais.

“O que denunciamos durante muitos meses finalmente aconteceu: o regime escolheu seus candidatos”, declarou Machado, acusada pelo governo de corrupção e de apoiar uma invasão estrangeira, o que sempre negou.

Muitos observadores internacionais e opositores acreditam que o CNE, acusado de ser controlado pelo governo, bloqueou deliberadamente a candidatura de Corina Yoris.

“Minha candidata é Corina Yoris”, insistiu Machado na terça-feira. "Ninguém vai nos tirar da rota eleitoral. Lutaremos até o fim."

“Há decepções profundas, muita raiva. O país tem o direito de saber toda a verdade: o PUD não foi autorizado a registrar Corina Yoris”, acrescentou.

A líder da oposição venezuelana, Maria Corina Machado, fala durante uma entrevista coletiva na sede de seu partido em Caracas, em 26 de março de 2024.
A líder da oposição venezuelana, Maria Corina Machado, fala durante uma entrevista coletiva na sede de seu partido em Caracas, em 26 de março de 2024. AFP - RONALD PENA

Candidato não é unanimidade

Veterano na política, Manuel Rosales, de 71 anos, está longe de ser unanimidade entra a oposição, onde é criticado por seus contatos regulares com Maduro, desde que se tornou novamente governador em 2021.

Machado sempre manteve distância com o candidato.

“Tem havido muitos obstáculos, mas não há outra alternativa: só a via eleitoral. Não estou aqui para tirar a liderança de ninguém. Venho de braços abertos”, acrescentou, não descartando uma reaproximação com a líder da oposição.

(Com AFP)

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