Maduro anuncia redução de salários para diminuir gastos na Venezuela
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, determinou nesta sexta-feira (29) uma série de medidas de rigor no país, incluindo a redução dos salários dos funcionários públicos de alto escalão, devido à decisão da Opep de manter o atual teto da produção de petróleo. A definição da Opep afeta diretamente a arrecadação e o orçamento venezuelano.
Publicado em:
"Determinei um conjunto de cortes no orçamento da nação", disse Maduro durante um evento com funcionários públicos. Ele anunciou que haverá "uma revisão dos salários em todo o primeiro escalão dos ministérios e das empresas estatais, começando pelo presidente da República". Maduro declarou que os cortes devem reduzir substancialmente os salários de ministros, vice-ministros, presidentes e vice-presidentes de empresas públicas.
A queda do preço do petróleo venezuelano, que perdeu um terço de seu valor neste segundo semestre de 2014, afeta a arrecadação na Venezuela. O país financia 96% de suas despesas com a receita do petróleo. Atolada em dívidas com fornecedores internacionais e privada de sua principal fonte de receita, a Venezuela está sufocada. A queda nos preços do óleo ocorre no momento em que o país enfrenta uma inflação superior a 60%, escassez de alimentos e uma grave carência de reservas em moeda estrangeira.
Antes de anunciar a revisão dos salários dos funcionários e a criação de uma comissão para "a racionalização e redução do gasto público", Maduro afirmou que o país "tem condições de resistir à baixa do petróleo".
Diante da situação, Maduro anunciou o envio à China de seu ministro da Economia, Rodolfo Marco Torre, para "aprofundar acordos econômicos e de financiamento" que permitam à Venezuela "o ingresso de divisas que compensem as perdas com a baixa dos preços do petróleo".
Decisão da Opep
Os 12 membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) optaram na última quinta-feira por manter sua produção em 30 milhões de barris diários nos próximos seis meses. A Opep desistiu de reduzir a oferta para sustentar o preço do petróleo, que recuou 35% desde junho pela queda da atividade econômica mundial. O mercado reagiu na sexta-feira com uma queda de mais de US$ 7 no preço do barril em Nova York, seu nível mais baixo desde 2010.
No discurso desta sexta-feira, Maduro reafirmou que a Venezuela considera que o preço justo do barril de petróleo no mercado mundial "não deve ficar abaixo de US$ 100". Esta semana, o preço médio do barril venezuelano atingiu US$ 68.
Maduro ressaltou que é o momento de "aumentar o investimento produtivo, em um plano anticíclico" para seguir promovendo "os motores reais da economia". O presidente também destacou que não reduzirá os gastos sociais.
NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.
Me registro