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Tensão

EUA ameaçam realizar novos bombardeios contra regime sírio

Os Estados Unidos advertiram que estão prontos para lançar novos ataques contra as forças do regime sírio, um dia depois de ter bombardeado uma base aérea no país. Segundo a diplomacia americana, Trump está "disposto a fazer mais".

A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Nikki Haley, durante reunião de emergência do Conselho de Segurança nesta sexta-feira (7).
A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Nikki Haley, durante reunião de emergência do Conselho de Segurança nesta sexta-feira (7). REUTERS/Stephanie Keith
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"Os Estados Unidos tomaram uma decisão muito comedida na noite passada" com o ataque à base aérea síria, disse a embaixadora americana na ONU, Nikki Haley, no Conselho de Segurança, que realizou uma sessão de emergência nesta sexta-feira (7), após o primeiro ataque de Washington contra as forças sírias. A diplomata enfatizou que os americanos estão dispostos a fazer mais, "mas esperamos que isso não seja necessário".

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, a França e a Grã-Bretanha pediram que os países busquem uma solução "política" na Síria, afundada na guerra desde 2011. Antes da reunião do Conselho, Guterres fez um pedido à "moderação" e destacou que "não existe outra via para colocar um fim ao conflito sírio.

Represália ao ataque químico

O bombardeio dos Estados Unidos foi uma represália, três dias depois de um ataque com armas químicas contra a cidade rebelde Khan Sheikhun, que deixou mais de 85 mortos e foi atribuído ao governo de Bashar Al-Assad. O Pentágono suspeita que a Síria tenha recebido ajuda para realizar o suposto ataque químico, embora funcionários americanos não se atrevam a acusar a Rússia de ter participado.

O lançamento de 59 mísseis de cruzeiro Tomahawk contra a base aérea de Al-Shayrat, próximo da cidade de Homs, causou a fúria da Rússia e do Irã, aliados de Al-Assad. "Os Estados Unidos atacaram o território soberano da Síria. Qualificamos esse ataque como uma violação flagrante da lei internacional e um ato de agressão", disse o embaixador de Moscou na ONU, Vladimir Safronkov, no Conselho de Segurança.

Já a presidência síria chamou os bombardeios americanos de ato "irresponsável" e "idiota". A agência de notícias do regime criticou o ataque e anunciou a morte de nove civis, incluindo crianças, nos povoados próximos. Uma fonte militar síria assinalou às agências de notícias estrangeiras que o exército do país tinha conhecimento prévio da ação americana e "tomou precauções", deslocando aviões da base aérea atacada.

Trump ganha apoio unânime de potências mundiais

Em um discurso transmitido em cadeia nacional de rádio e televisão, o presidente americano, Donald Trump, explicou que o bombardeio está "diretamente relacionado" com os "horríveis" acontecimentos de terça-feira. Nesse dia, o ataque químico atribuído ao exército sírio em Khan Sheikhun deixou pelo menos 86 mortos, entre eles 27 crianças.

A coalizão da oposição síria - enfraquecida pela ofensiva do regime nos últimos meses - aplaudiu a operação americana, mas, "bombardear somente um aeroporto não é o suficiente", disse Mohamed Allouche, membro do opositor Alto Comitê de Negociações (HCN).

A decisão de Trump foi bem recebida pelos outros países envolvidos na crise síria, como Turquia e Estados europeus. O presidente francês, François Hollande, anunciou que apoia "a iniciativa" de "relançar o processo de transição política na Síria", sob a coordenação das Nações Unidas, "se possível". Já o ministro francês das Relações Exteriores, Jean Marc Ayrault, declarou que o bombardeio americano é um sinal para a Rússia e o Irã, que apoiam o regime sírio, que essa parceria com Bashar Al-Assad não é mais possível.

Trump também ganhou apoio do Reino Unido, para quem a ação contra a a base de Shayrat "é apropriada". O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, comemorou os ataques e pediu que tomem medidas suplementares. Israel e Japão também elogiaram a ação americana.

Já o presidente russo, Vladimir Putin, principal aliado de Bashar al-Assad, considerou a destruição da base de Shayrat como "uma agressão contra um estado soberano", "baseados em pretextos inventados". Como resposta, Moscou suspendeu o acordo com Washington sobre prevenção de incidentes aéreos na Síria e anunciou que as defesas antiaéreas do exército da Síria serão reforçadas. O ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohamed Javad Zarif, afirmou que os Estados Unidos recorreram a "falsas acusações" para bombardear a base síria.

Até agora nenhuma iniciativa diplomática conseguiu estabelecer um cessar-fogo duradouro em um país onde já morreram mais de 320 mil pessoas desde março de 2011 e milhões fugiram de suas casas.

(Com informações da AFP)

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