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G20/refugiados venezuelanos

G20 quer ajuda do FMI para os refugiados venezuelanos

O primeiro dos dois dias da reunião de ministros das Finanças e presidentes de Bancos Centrais das maiores economias do mundo, representadas no G20, começou nesta segunda-feira (19) com a iniciativa da anfitriã argentina de discutir respostas à grave crise venezuelana.   

Ministros das Finanças e presidentes de Bancos Centrais na foto oficial do G20, em Buenos Aires.
Ministros das Finanças e presidentes de Bancos Centrais na foto oficial do G20, em Buenos Aires. REUTERS/Marcos Brindicci
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Do correspondente da RFI em Buenos Aires
 

 

Os 15 países reunidos, entre os quais o Brasil, discutiram medidas aos refugiados e sansões econômicas. Os países que mais recebem refugiados venezuelanos querem levar à próxima reunião do Fundo Monetário Internacional (FMI), em abril, a ideia de criar um mecanismo de ajuda financeira aos refugiados que chegam aos milhares aos países da região.

 

"Foi levantada a hipótese de, na próxima reunião do FMI, criar um fundo multilateral de assistência direcionado aos refugiados", indicou o ministro da Fazenda do Brasil, Henrique Meirelles, quem apontou para a entrada de 300 mil venezuelanos na Colômbia e 40 mil no Brasil. "Principalmente a Roraima e até pela Mata Amazônica", frisou.

 

Sansões econômicas

 

Os países também discutiram sansões econômicas e comerciais ao regime de Nicolás Maduro. Nesse ponto, o grupo de dividiu: enquanto países como o Brasil decidiram cobrar a dívida comercial que a Venezuela tem, os aliados venezuelanos, China e Rússia, preferiram dar uma moratória ou ampliar prazos de pagamento.

 

"A decisão do Brasil é cobrar o pagamento US$ 1,3 bilhão porque não temos uma política de apoiar ou de financiar o regime. Exigimos o pagamento da dívida como sansão econômica", disse o ministro, explicando que os demais países que não têm crédito estudam outras sansões.

 

Comércio online, bitcoin e aço

 

Outros assuntos de destaque desta reunião de ministros das Finanças e presidentes dos Bancos Centrais do G20 são a taxação digital às empresas de comércio on-line (Apple, Amazon, etc), a regulação das chamadas criptomoedas (Bitcoin) e o livre comércio às vésperas da entrada em vigência da decisão do governo de Donald Trump de elevar as taxas de importação do aço.

 

Quanto às taxações das operações comerciais das empresas digitais, os países se dividem entre os interessados em aplicar impostos onde estão as sedes dessas empresas e aqueles interessados em aplicar taxas onde são feitas as transações.

 

O debate sobre as criptomoedas tem relação com as atividades ilícitas, como a lavagem de dinheiro, através desses ativos ainda sem regulação na maioria dos países.

 

Já os defensores do livre comércio encontram nas medidas protecionistas dos Estados Unidos a maior preocupação.

 

"O Brasil está numa fase de abertura comercial. Os Estados Unidos têm tomado uma atitude que consideramos negativa tanto para os países que exportam quanto para o próprio Estados Unidos", explicou Henrique Meirelles, lembrando que esse tipo de medida foi aplicado na década de 30, resultando numa experiência mal sucedida.

 

"Os Estados Unidos indicaram o desejo de negociar com o Brasil, mas não há uma data. Consideramos outras medidas na OMC (Organização Mundial do Comércio), mas não está claro a posição dos Estados Unidos em relação ao Brasil", ponderou.

 

Para tentar esclarecer essa posição norte-maericana e para explicar o programa de reformas brasileiro, Meirelles reúne-se nesta terça-feira, em Buenos Aires, com o secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin.

 

Risco de solavancos

 

Para o presidente do Banco Central do Brasil, Ilan Goldfajn, a situação da economia global é hoje benígna. "O papel do G20 é garantir que o comércio continue favorável e que não haja protecionismo. Com o protecionismo, o risco é que haja menos comércio e que isso venha a influenciar o crescimento lá na frente", advertiu.

 

Outro risco é quanto à normalização da política monetária no mundo, com os juros a subirem aos poucos.

 

"Para o Brasil, uma normalização suave é muito bem-vinda. Devemos ter cuidado para não termos nenhum sobressalto que venha a afetar os fluxos de capital para os países emergentes, inclusive para o Brasil", observou. "O risco que eu acho mais direto é uma subida de juros mais forte dos países avançados que altere esse fluxo", indicou, relativizando o impacto sobre o Brasil.

 

"Temos uma balança de pagamentos sólida. Temos reservas de quase 400 bilhões de dólares que representam 20% do PIB. Temos um estoque de swap cambial que caiu muito. E temos investimentos estrangeiros diretos em 3,5% do PIB", enumerou.

 

"Nós temos amortecedores para qualquer solavanco", concluiu Ilan Goldfajn.

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