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Decisão sobre novo processo contra Air France e Airbus no acidente com voo AF447 sai em março

A companhia aérea Air France e a fabricante europeia de aviões Airbus poderão ser julgadas pelo acidente com o voo AF447, que causou a morte de 228 passageiros e tripulantes em 31 de maio de 2009. O aparelho, um modelo A330, caiu no oceano Atlântico quando fazia a rota Rio-Paris. A decisão será tomada em uma audiência prevista no Tribunal de Recursos de Paris no início de março.

O jornal Le Parisien revela que a Air France e a Airbus podem ser processadas pelo acidente com o voo Rio Paris.
O jornal Le Parisien revela que a Air France e a Airbus podem ser processadas pelo acidente com o voo Rio Paris. © Fotomontagem RFI/Adriana de Freitas
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A Procuradoria-Geral da República (PGR) da França decidiu solicitar um novo processo por homicídio culposo contra a Air France e a Airbus, conforme revelou na quarta-feira (27) o jornal Le Parisien. Onze anos depois da tragédia com o voo AF447, os familiares das 228 vítimas voltam a ter esperança na Justiça, afirma e edição impressa do diário nesta quinta-feira (28). Em agosto de 2019, a Justiça tinha arquivado as denúncias contra as duas empresas, indicando que apenas os pilotos eram responsáveis pela tragédia.

Ao pedir o novo julgamento, o Ministério Público estima que existem provas suficientes contra a Air France e a Airbus e que as duas empresas "cometeram falhas" que "contribuíram para o acidente". Essa conclusão difere de uma recomendação da Justiça que havia isentado a Airbus de qualquer responsabilidade e pedido que apenas a companhia aérea fosse julgada. As duas empresas foram denunciadas inicialmente em 2011, recorda Le Parisien.

A solicitação de abertura de um processo na vara criminal será debatida e eventualmente aceita em uma audiência prevista para 4 de março no Tribunal de Recursos de Paris. Os advogados da Air France e da Airbus ainda não se pronunciaram sobre a reviravolta no caso.

Alívio para famílias das vítimas

"É um grande alívio para as famílias [dos mortos], que têm o sentimento de terem sido finalmente ouvidas" pelo Ministério Público, afirmou Sébastien Busy, advogado de duas associações de vítimas. Entrevistado pelo Le Parisien, ele ressaltou, no entanto, que "nada está garantido". "Mas agora temos um aliado de peso na audiência", declarou, por sua vez, Danièle Lamy, presidente da associação Entraide et Solidarité AF447. Lamy perdeu um filho na catástrofe aérea.

A Procuradoria acusa a Air France de não ter fornecido informações suficientes e nem ter formado seus pilotos sobre o procedimento adequado a ser adotado em caso de congelamento das sondas Pitot, que controlam a velocidade dos aviões. Este problema técnico esteve na origem de uma série de outros que causaram a queda do A330 no Atlântico. Ao todo, 15 voos da companhia aérea francesa registraram perda das indicações de velocidade entre maio de 2008 e maio de 2009, sem que a gravidade dessas notificações fosse levada em consideração.

Em relação à Airbus, a PGR considera que ela também subestimou a "gravidade das consequências do congelamento das sondas". Durante a instrução do primeiro processo, vários especialistas e investigações complementares concordaram sobre o ponto de partida da tragédia. As sondas Pitot congelaram durante o voo, o que levou a uma interrupção das medições de velocidade e de controle da altitude do Airbus A330, fatores que desorientaram os pilotos.

"As falhas das sondas provocadas pelo congelamento eram conhecidas antes do acidente e a Airbus não pediu à autoridade responsável para corrigir o problema, tampouco à empresa aérea para mudar as sondas", aponta a Procuradoria, ao jornal francês.

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