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Roman Polanski, 90 anos, volta a ser julgado por questionar veracidade de acusações de agressão

O cineasta franco-polonês Roman Polanski enfrentará, na terça-feira (5), na França, um julgamento por difamação, por questionar a veracidade das acusações de agressão sexual feitas contra ele pela atriz Charlotte Lewis.

Manifestantes com faixa dizendo 'Polanksi, melhor estuprador de 2020", em Paris, na entrada da Sala Pleyell, onde aconteceu entrega do prêmio César, em 2020.
Manifestantes com faixa dizendo 'Polanksi, melhor estuprador de 2020", em Paris, na entrada da Sala Pleyell, onde aconteceu entrega do prêmio César, em 2020. AFP - LUCAS BARIOULET
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Polanski, de 90 anos, que qualificou as acusações de "mentira odiosa", não irá ao julgamento em um tribunal correcional de Paris, onde será representado por seus advogados.

A britânica Chalotte Lewis, de 56 anos, comparecerá à audiência.

Vencedor de prêmios como o Oscar e de uma Palma de Ouro no Festival de Cannes, ele foi acusado diversas vezes de agressão sexual e estupro ao longo da carreira, acusações prescritas que não o impediram de trabalhar. Ele sempre as negou.

Em maio de 2010, em pleno festival de Cannes, a intérprete britânica afirmou que o diretor de cinema a "agrediu sexualmente" durante um "teste de elenco" na residência de Polanski em Paris em 1983, quando ela tinha 16 anos.

Lewis, que participou do filme "Piratas" de Polanski em 1986, não o denunciou, mas prestou depoimento na polícia americana.

Nove anos depois, em dezembro de 2019, o diretor qualificou essas acusações de "mentira odiosa", em uma entrevista à revista francesa Paris Match.

"Como veem, a primeira qualidade de um bom mentiroso é uma memória excelente. Charlotte Lewis sempre é mencionada na lista de meus acusadores sem que nunca apontem contradições", afirmou o diretor.

Roman Polanski se referiu a declarações atribuídas à atriz em uma entrevista publicada vinte anos antes, em 1999, pelo tabloide britânico News of the World : "Eu queria ser amante (...) eu o desejava provavelmente mais que ele a mim”.  

Em 2010, Charlotte Lewis denunciou que as citações "não eram corretas".

"Difamar, desacreditar, caluniar"

Após a entrevista de Polanski à Paris Match, a atriz apresentou uma denúncia por difamação, que na França quase sempre leva a julgamento.

Os advogados do cineasta negam qualquer difamação em suas declarações e chamaram como testemunha o autor do artigo do News of the World, Stuart White.

"Difamar, desacreditar e caluniar são parte integrante do sistema Polanski e isso é o que Charlotte Lewis denuncia com grande coragem", declarou à AFP o advogado da atriz, Benjamin Chouai.

Polanski, nascido em 1933, vive na Europa para escapar da Justiça americana, que o considera fugitivo há mais de 40 anos após ser condenado por estupro de menor.

A atriz francesa Adèle Haenel abandonou indignada a cerimônia do prêmio César francês, que o premiou na categoria de melhor diretor por seu filme "O oficial e o espião".

Esse incidente tornou-se um dos símbolos da luta contra as agressões sexuais no mundo do cinema, que tomou força nos últimos meses com as acusações de várias mulheres contra o ator Gérard Depardieu.

O julgamento por difamação também coincide com a polêmica aberta pelas acusações da atriz Judith Godrèche contra os diretores Benoît Jacquot e Jacques Doillon por estupro quando era menor.

No final de fevereiro, a atriz denunciou o "tráfico de meninas" no cinema, durante a última cerimônia do prêmio César, dominada pelas acusações de violência sexual.

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