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Alemanha/Genocídio/ Armênia

Parlamento da Alemanha reconhece genocídio armênio

Os deputados alemães aprovaram, nesta quinta-feira (02), uma resolução que reconhece o massacre de armênios pelas forças otomanas na Primeira Guerra Mundial como um genocídio, um texto criticado pela Turquia, aliada chave do país sobretudo para a questão da crise migratória na Europa.

O Parlamento alemão aprovou, quase por unanimidade, uma resolução que reconhece como “genocídio” o massacre de  arménios pelo Império Otomano, em 1915.
O Parlamento alemão aprovou, quase por unanimidade, uma resolução que reconhece como “genocídio” o massacre de arménios pelo Império Otomano, em 1915. REUTERS/Stringer
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Pascal Thibaut, correspondente da RFI em Berlim

O texto, com o título "Lembrança e recordação do genocídio dos armênios e de outras minorias cristãs há 101 anos", foi aprovado por quase todos os deputados presentes no Bundestag, a Câmara Baixa do Parlamento alemão. Apenas um deputado votou contra e outro optou pela abstenção.

Na quarta-feira (1), o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, teria telefonado para a primeira-ministra alemã Angela Merkel para falar de suas “preocupações” e denunciar que a Alemanha estaria caindo numa “armadilha”.

Os deputados que se pronunciaram durante os debates destacaram que seus posicionamentos não eram dirigidos ao atual governo da Turquia, mas eram relativos à responsabilidade na época do Império Otomano e que o objetivo principal era de criar as bases necessárias para uma reconciliação entre turcos e armênios. A resolução reconhece ainda a responsabilidade alemã, principal aliada da Turquia durante a Primeira Guerra Mundial.

Alegações “distorcidas e infundadas”

O ministro das Relações Exteriores da Armênia, Edward Nalbandian, elogiou em um comunicado a "contribuição notável da Alemanha ao reconhecimento e condenação internacional do genocídio armênio, assim como à luta universal para evitar genocídios e crimes contra a humanidade".

"O reconhecimento pelo Parlamento alemão de alegações 'distorcidas e infundadas' como 'genocídio' é um erro histórico", escreveu o vice-premier e porta-voz do governo turco, Numan Kurtulmus, no Twitter. E acrescentou: “Para a Turquia, esta resolução é nula e sem efeito”.

A adoção do texto vai complicar ainda mais as relações, já tensas entre Ancara e Berlim, por conta da aplicação de um polêmico acordo com a União Europeia, estimulado por Berlim, que contribuiu para reduzir drasticamente o fluxo de migrantes para a Europa. O presidente turco ameaça não aplicar o acordo se não conseguir a isenção de vistos para os cidadãos turcos que desejam viajar ao espaço europeu de Schengen.

Genocídio armênio deixou 1,5 milhão de mortos

O presidente armênio, Serge Sarkissian, advertiu que não seria justo não chamar de genocídio o massacre de armênios "apenas porque irrita o chefe de Estado de outro país", em referência ao presidente turco.

A resolução do Bundestag é uma nova etapa no reconhecimento oficial da Alemanha do genocídio, depois que no ano passado o presidente alemão, Joachim Gauck, utilizou, pela primeira vez, o termo "genocídio" para classificar os massacres cometidos contra os armênios em 1915.

Os armênios consideram que 1,5 milhão de pessoas foram assassinadas de maneira sistemática ao final do império otomano. Muitos historiadores e mais de 20 países, entre eles França, Itália e Rússia, reconhecem o genocídio dos armênios. O Brasil, no entanto, não reconhece o fato como genocídio.

A Turquia, por sua vez, afirma que se tratava de uma guerra civil, agravada pela fome, e que entre 300 e 500 mil armênios e turcos morreram quando as forças otomanas e a Rússia disputavam o controle da Anatólia.

(Com informações da AFP)
 

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