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Protestos

Brasileiros vão às ruas em cidades europeias pedindo "Fora Temer" e "Diretas Já"

As manifestações pedindo a saída de Michel Temer e eleições diretas se espalham pela Europa. Desde o último fim de semana, elas já ocorreram em capitais como Londres, Dublin, Amsterdã, Bruxelas e Lisboa. Nesta quinta-feira (25) é a vez de Paris e, no próximo domingo (28), de Barcelona. No último dia 17, uma gravação mostrou o presidente brasileiro supostamente dando aval ao pagamento de uma mesada ao ex-deputado Eduardo Cunha pelo seu silêncio nas investigações da operação Lava Jato.

Manifestantes na praça de Camões, em Lisboa, pedem eleições diretas
Manifestantes na praça de Camões, em Lisboa, pedem eleições diretas Henrique Milen
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“Vemos que o Brasil vive uma crise estrutural, social, econômica e política. Verdadeiras crises estruturais só se resolvem com mudanças profundas, ou seja, nós não acreditamos no poder de reforma. Nós pensamos sinceramente que agora é o momento de que o povo tenha o poder em suas mãos. E a melhor maneira de dar o poder para o povo, na nossa democracia moderna, de acordo com a Constituição brasileira, é com o voto. Então para nós a solução desejada é que haja eleições diretas”, opina o assistente de projetos Iuri Lira-Cunha, membro do coletivo francês Alerte France Brésil, que realiza uma manifestação nesta quinta na Fontaine des Inocents, às 18h30, na capital francesa.

Para ele, “é urgente que Temer renuncie”. “Ele não tem mais nenhuma condição de governar. A sua coalizão está cada dia se desfazendo. Vários partidos já anunciaram que não estão dispostos a governar com ele. Então não vemos condições para que o Temer continue governando, ou seja, ele nem deveria ter começado”.

Quem concorda com ele é o produtor cultural João Batista Jr., que realiza com outros brasileiros um protesto independente, sem vínculo com um grupo específico, no centro de Barcelona, na manhã deste domingo. “Não causaram surpresa as denúncias contra Temer, porque já sabíamos do envolvimento dele em esquemas de corrupção há muito tempo. A revelação das gravações apenas deu novo gás para os protestos. Mas já gritávamos 'diretas já' desde o impeachment de Dilma Rousseff.”

Os coletivos de luta contra o governo de Temer em cidades fora do Brasil mantêm um forte vínculo, por meio do grupo Brasileiros no Mundo contra o Golpe, que conta com uma página no Facebook e realizou seu primeiro encontro em janeiro deste ano, em Amsterdã.

“Foi um evento onde pudemos nos conhecer pessoalmente, fora do mundo virtual. Debatemos pautas, trocamos experiências”, explica Batista Jr., que deixou o coletivo Amigos da Democracia, de Barcelona, por divergências. “Eles queriam pedir a volta de Dilma, e acho que isso é uma luta improdutiva, um grito inócuo. Devemos olhar adiante.”

Manifestação em Lisboa

A manifestação em Lisboa, organizada pelo Coletivo Andorinha e a Casa do Brasil, reuniu cerca de 150 pessoas na segunda-feira (22) na praça de Camões. Cartazes e gritos de ordem pedindo Fora Temer e Diretas Já deram o tom do protesto, que contou com a participação do grupo de maracatu Baque do Tejo.

“Houve participação do partido português Bloco de Esquerda, do movimento Alternativa Socialista e da associação SOS Racismo. Durante a manifestação, a deputada portuguesa Joana Mortágua falou contra o governo ilegítimo de Temer”, contou à RFI a atriz Samara Azevedo, membro do Coletivo Andorinha. “Nosso movimento também é contra a narrativa da TV portuguesa, que tem uma influência muito forte da Globo.”

Segundo Samara, “ a lógica partidária não nos atende”. “A bandeira que nos une atualmente é o Fora Temer. A partir disso, as pessoas têm bandeiras diversas. Aderimos ao Diretas Já por influência das reivindicações no Brasil. Também defendemos que essas reformas absurdas (Trabalhista e da Previdência) sejam interrompidas, por meio da queda do Temer ou seja como for. Elas são propostas por um governo ilegítimo, que não passou pelo pleito popular.”

Para ela, é importante se manifestar, não importando onde a pessoa more. “Nas cidades europeias não temos uma imensa quantidade de manifestantes, como no Brasil. Mas nosso discurso é imagético. Âs vezes uma pessoa segurando um cartaz em um ponto turístico de Lisboa tem uma visualização imensa nas redes sociais.”

Lira-Cunha concorda: “É essencial ir para a rua. É um espaço que deve ser conquistado pelo povo brasileiro, para fazer ouvir as suas reivindicações, tem que ser conquistada pelo povo progressista do Brasil.”

Para ele, o pronunciamento de Temer de que não renunciaria mostrou “um homem que se vê à beira do precipício, que teve uma postura bastante agressiva”. “No final, achei bem interessante quando ele saiu de cabeça baixa. Uma pessoa confiante e convicta de sua inocência teria pelo menos a dignidade e a coragem  de olhar o seu público de cabeça erguida.”

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