Para evitar gravidez precoce, projeto investe em visita de jovens jogadoras brasileiras à Holanda
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A equipe juvenil de futebol feminino de Codó, a 298 km de São Luís (MA), marcou um gol de placa na Holanda. Jogadoras da seleção holandesa e de outros times de futebol profissional e amador do país arrecadaram cerca de R$ 240.000,00 (€ 56.721,00), em uma campanha que durou três meses, para apoiar o projeto La League. Esta iniciativa, idealizada pela ONG Plan Internacional em parceria com as Fundações Johan Cruyff e Women Win, tem o objetivo de tirar o Brasil da quarta posição no ranking mundial de casamento infantil e gravidez precoce.
Clivia Caracciolo, correspondente em Amsterdã
O primeiro lugar neste ranking mundial é da Índia, com 26.610 casos de gravidez infantil por ano. Bangladesh ocupa a segunda posição, com 3.931 casos, e, em terceiro lugar, está a Nigéria com 3.306 nascimentos de bebês de mães adolescentes. O Brasil, segundo o relatório da Unicef, registrava 2.928 casos até a publicação do último documento, em 2017.
Seis integrantes da equipe de Codó e duas educadoras sociais estiveram recentemente em Amsterdã para buscar o cheque simbólico que pode ajudar, de várias maneiras, adolescentes dessa região pobre do Maranhão a trilhar outro caminho. As jogadoras Edinalva, Jackeline, Gleyce Kelle, Tamires, Karine e Cristiane participaram de várias atividades relacionadas com as metas do projeto, como fortalecimento pessoal, desenvolvimento da autoestima, disciplina para frequentar e ter bom desempenho na escola, se apresentar em público e buscar independência emocional e financeira, de maneira que não vejam na união conjugal precoce a única alternativa para seguir na vida.
Codó foi eleita para o projeto por ter apresentado, no Censo de 2010, um dos índices mais baixos de Desenvolvimento Humano (IDH) de todo o Brasil. A pobreza na região explica o elevado número de nascimentos ocorridos de mães com menos de 19 anos de idade, de acordo com relatório da Unicef sobre o tema no Brasil.
Empoderamento para combater precariedade
Na visita à Holanda, as seis adolescentes participaram de amistosos com times amadores de meninos e meninas, foram conhecer o estádio do time Ajax, fizeram oficinas de como falar com objetividade e exercitar a capacidade de liderança e companheirismo, visitaram museus e outras atrações. Elas também participaram de um dia inteiro de treinamento com técnicos profissionais, juntamente com 250 meninas da mesma faixa etária, que treinam em escolinhas de futebol holandesas.
A equipe de Codó também foi sensibilizada para repassar as orientações que receberam sobre educação sexual, saúde feminina e outros conceitos a amigas e amigos, de maneira que a desigualdade de gênero se torne cada vez menor no meio social em que vivem. As atividades do projeto incluem a família, os meninos da comunidade e fortalecem os laços com os pais ou a figura masculina de referência para as jogadoras.
A viagem foi avaliada pelas integrantes da equipe como uma experiência inesquecível e de muito aprendizado. As educadoras sociais, Rosângela e Gabriela, que acompanharam o time, disseram que o alto nível dos técnicos e técnicas da Holanda as impressionou. A confirmação dessa percepção se deu no desempenho da seleção laranja liderada pela técnica Sarina Wiegman, que levou o time invicto até a final da Copa do Mundo de Futebol Feminino de 2019. No último domingo (7), a Holanda enfrentou a experiente seleção dos Estados Unidos. As americanas conquistaram o tetracampeonato com um placar de 2 a 0. Mas as holandesas são vice-campeãs.
Além do Brasil, o projeto La League também apoia adolescentes na Nicarágua.
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